Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos

A LUA, A MÃE E O MENINO TRISTE 

A mulher do turno da noite, com raiva nos olhos por haver sido acordada pelo choro, deu uns solavancos no garoto até que acordasse. A vontade de chorar aumentou ainda mais ao se ver, desperto, diante daquela empregada que só sabia gritar e, ainda por cima, batia neles quando achava que não estava sendo obedecida a tempo e a hora.
- Engole esse choro e dorme logo, seu pestinha. Caso não pare o colocarei para dormir lá fora com os cachorros.

A criança, assustada, para se ver livre daquele rosto sempre enfezado cobriu o rosto com o lençol. Lembrava-se da mãe, do seu colo macio e das cantigas de ninar que nunca mais ouvira. Ao tirar o pano e abrir os olhos deu-se conta da boa notícia: a megera havia partido. No lugar daquela cara ameaçadora, ele pôde ver, através da vidraça, a linda noite de luar.

Na grande bola redonda, a cena que ele assistiu estava bem diferente. Não era São Jorge que montava o vistoso cavalo branco, mas nele estava a sua linda mãe a lutar e vencer as mulheres más do mundo. O menino então não teve mais medo. Sentiu-se protegido e teve a certeza de que ninguém seria capaz de lhe fazer algum mal. Deu um sorriso bem gostoso, sussurrou um “mamãe”si todo manhoso e tornou a dormir.

 

Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 20/05/2019
Alterado em 01/02/2022


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