Noite
Jogado em meio à tenebrosa tempestade,
perambulo perdido de margem a margem,
atirado daqui para acolá nessa viagem,
desancorado de um amor que me arde.
E continuo sem descanso, atormentado,
a lamentar aquele dia em que eu nasci.
A esperança não há mais sou desengano,
não me joguem, águas turvas, no remanso.
Fujo da luz, eu quero as trevas, fora o dia.
Jamais amanheça algum tempo de bonança,
navegar solto na dor eis aí a minha alegria.
Venha a mim a leve morte dos amantes.
Traga o calor da sua frieza a abraçar-me
sob o mármore, a lembrar dela, delirante.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 08/05/2010