Toma-me, sou da noite
Noite chega e me enlaça,
sozinho sob o olhar da lua,
aqui vou ficar, serei caça,
qual a criança que amua
grita, chora e faz pirraça
tateando no escuro da rua,
em nada ela acha graça.
Na água refletida a tua
quase imagem, escassa
recorda-me do teu corpo,
da prisão de teus abraços,
como o alpinista do topo
para dar os últimos passos.
Ter teu amor é escalada
duma montanha de prazer
que vem me toma, tonteia,
transforma-me em novo ser.
Vai-se a treva, já clareia,
sol queimará qual açoite,
proteja-me sob tua teia.
Toma-me, sou da noite.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 26/05/2010
Alterado em 26/05/2010