Liturgia da Missa - Reflexão sobre a Palavra - Missa de domingo 06-06-2010 - Jesus me chama para caminhar para a vida
Ao refletir sobre a primeira leitura (Rs 17,17-24) e o Evangelho (Lc. 7,11-17) ,da Missa do domingo, 6 de junho, o primeiro aspecto que me salta aos olhos é o do cuidado e carinho de Lucas com os relatos dos milagres de Jesus.
Sabemos que as narrações milagrosas bíblicas e principalmente as dos Evangelhos, vão muito além da narração de eventos extraordinários. Elas têm um sentido muito maior, mais belo e mais profundo que precisa ser buscado por nós. Pretendem mostrar a Divindade e o Senhorio de Jesus, Ele é Deus. A "midrash", forma literária na qual esses relatos foram redigidos, vem auxiliar neste propósito.
A cena é plástica, bem cinematográfica, podemos dizer hoje. Contemplando-a vemos dois cortejos vindo em direções opostas. A oposição entre aquele que traz a vida e o outro que carrega em seu bojo a morte. O cortejo vivo é aquele que traz Jesus e seus discípulos. Do outro lado vem caminhando a procissão que traz o morto. Desse encontro da vida com a morte resulta a ressurreição. OU seja, a certeza de que a morte não tem a última palavra, mas é a vida que prevalece. E ao se encontrarem é importante repararmos que os cortejos se fundem. Agora só há o cortejo da vida. Depois do medo inicial, todos (e não apenas os integrantes de um dos cortejos) começam a glorificar a Deus.
Ao compararmos o Evangelho com a Primeira Leitura (Rs. 17, 17-24) que traz ação parecida, vemos a fundamental diferença entre o Profeta e Jesus. O Profeta não tem poder em si mesmo para trazer a vida. Elias age em nome do Outro, o Totalmente Outro. Por isso precisa invocar a Deus para restaurar a vida do filho da viúva. Jesus não invoca ninguém, pois que é Ele mesmo o autor e restaurador da vida. Ele faz porque tem autoridade.
Nos dois casos o cuidado de Deus com os pequenos e excluídos. As viuvas naquele tempo ficavam totalmente à mercê de esmolas e do trabalho dos seus filhos. Perder um filho para qualquer mãe já é algo terrível. Ainda mais em se tratando do filho único, que se configurava no tempo de Jesus, na única fonte viável de sustento e afeto para as suas mães. Deus vem então e trazendo de volta a vida dos filhos, gera também a continuidade da vida, com dignidade, das suas mães.
Trazendo a reflexão para os nossos dias, podemos ver que a Igreja, quando em nome de Jesus (o autor), restaura a vida através do Sacramento da Reconciliação, do apostolado, caridade e misericórdia, está realizando a mesma ação que Elias e Jesus: faz nascer nova vica onde antes prevalecia alguma forma de morte.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 03/06/2010
Alterado em 24/06/2010