Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Liturgia da Missa - Reflexão sobre a Palavra - Domingo, 20-06-2010 - Quem é Jesus para mim?

A Liturgia da Palavra deste domingo nos traz no Evangelho (Lc. 9,18-24) um grande questionamento. A esta pergunta nenhum de nós podemos fugir. Todo batizado ao assumir o seguimento de Jesus se depara com esta pergunta. Não dá, definitivamente, para seguir a Jesus sem tê-la respondido. Ser cristão e não ter dado esta palavra que Pedro dá ao Senhor, é semelhante a um homem que segue uma pessoa ou um grupo sem saber para onde ele vai e para que finalidade os está reunindo. Pode ser que este líder terminará por levá-lo a lugares ou situações que não gostaria de viver.
Quem você diz que eu sou? Jesus faz esta pergunta a cada um que se aproxima dele. Ela é básica para o discípulo missionário, pois respondê-la dará sentido à sua missão. Jesus faz ao grupo a pergunta, mas reparemos que ela requer uma resposta pessoal. Com isto quero dizer que não valerão aqui as respostas prontas do ”ouvi falar”, dos livros, ou do Catecismo. Responder que Ele é o Senhor das nossas vidas só terá sentido se vier do mais profundo do coração. Afinal quem nos sopra a resposta de que Ele é o ‘Senhor, O Cristo de Deus’ é o Espírito Santo.
Paulo, ao escrever para os Gálatas (Gl. 3,26-29), reforça este sentido profundo ao qual irá nos levar a resposta que dermos a esta questão que Jesus nos traz. Ele, ao nos dizer que somos filhos de Deus e que como batizados nos revestimos de Cristo, está nos falando que é preciso que nos “cristifiquemos” que nos revistamos dele, nos transfigurando. Foi isto que Jesus sentiu em Pedro, quando ele responde à sua pergunta. A partir dessa palavra Jesus sente que poderá aprofundar os temas das conversas com o seu grupo de amigos. Afinal, se Pedro lhe diz, diferentemente do que pensa o povo. E com seu silêncio os discípulos se colocam de acordo, que Ele é o Cristo, é porque já compreenderam que o Messias não será um libertador humano. Um guerreiro, glorioso e rico nas questões terrestres, como as pessoas e os religiosos daquela época esperavam. Cabe aqui, uma parada para refletir que tipo de Salvador também eu busco hoje.
Este novo passo, levando-os para um nível mais alto, se dá em seguida. Jesus aprofunda a conversa partilhando com os companheiros o seu futuro sofrimento e morte. Paixão esta que também é mencionada pela primeira leitura na Profecia de Zacarias (Zc. 12, 10-11;13,1). Essas coisas mais densas dizem respeito às conseqüências que a resposta pode trazer embutida. Para Pedro e para tantos e tantos que responderam ao questionamento de Jesus a conseqüência foi o martírio.
O Evangelho de hoje começa nos dizendo que Jesus e os seus discípulos se retiraram para rezar. É neste clima de retiro, afastados da correria e dos apelos do mundo, que Jesus questiona seus amigos e que eles o respondem. Este é um detalhe importante para nos fazer refletir sobre dois pontos. O primeiro é que Jesus reza. O Filho cultiva a intimidade com o Pai e o Espírito Santo e faz isto não como catequese, ou para nos dar exemplo, mas porque precisa deste contato, de alimentar a relação de Amor na Trindade. Outro aspecto que me chama a atenção é que se trata aí de uma oração comunitária: seus discípulos estavam com Ele. Trazendo isto para a vida de hoje, vale questionar como anda a minha oração. Não existe cristão sem rezar. É na oração que Ele nos fala e que nós o escutamos. Não orar é andar às escuras. Sem nenhum contato com aquele a quem seguimos
E para mim? Que significa a resposta que dou ao Senhor? O que na minha vida não está alinhado com o que lhe digo e que por isto, precisa de uma mudança de rota, uma conversão? Não estamos prontos. Somos seres que estão sendo criados. Responder a Jesus, quando me traz esta questão significa um passo a mais que dou na minha criação. Uma passada importante no meu crescimento. A resposta me faz mais adulto na fé e mais comprometido com o Reino de Deus. Não responder ou dar uma resposta diferente daquela que dá Pedro, significará que ainda não experimentamos em profundidade, na nossa vida, o Senhor.


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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 15/06/2010
Alterado em 15/10/2010


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