O carinho do porco espinho

Na floresta onde o lobo vive sozinho
acabou de chegar um novo vizinho.
Bicho que veio vindo de mansinho
e num buraco no chão fez seu ninho.
- Será que ele é um animal daninho?
Pergunta o lobo ao amigo canarinho.
- Claro que não, veja como é bonitinho.
- Beleza? Olha como ele tem espinho!
Você fala porque vive no alto do pinho,
nunca encontrará com ele no caminho.
Discutiram ali então um pouquinho
e combinaram de visitar o danadinho,
saber mais desse esquisito gordinho.
No domingo então, ainda cedinho,
lá estavam na porta do animalzinho.
- Como não sou nenhum adivinho,
preciso saber seu nome, bichinho.
Falava todo musical o passarinho.
- Prazer amigos, sou porco espinho.
- Porco, se você não tem toucinho?
O lobo lhe indagou do seu cantinho.
- É tão ruim ser visto como porquinho.
Bateu cabeça e falou triste o bichinho.
- Vejam mais pareço um redemoinho.
- Ganhei gravata e nem tenho colarinho.
Os amigos foram chegando pertinho.
E o porco lhes pediu bem de mansinho.
- Mantenham distância do amiguinho,
quando espirro pode voar um espinho.
Contou-lhes então um caso o mocinho.
- Eu morava lá longe, além do moinho,
numa brincadeira tossi e coitadinho,
feri meu companheiro, o coelhinho.
E continuou seu lamento o papudinho.
- É ruim não ter ninguém de pertinho.
Jamais fui abraçado pelo padrinho,
minha mãe nunca me pôs no colinho,
eu só posso ser tocado no focinho
e é através dele que recebo carinho.