Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Liturgia da Missa - Reflexão sobre a Mesa da Palavra para o domingo 15-08-2010 - Assunção de Nossa Senhora - A mãe nos espera junto ao seu Filho

 




A festa de hoje é de grande alegria para toda a Igreja. Celebramos a partida da nossa mãe para o céu. Maria de Nazaré, aquela mulher simples, do povo, pobre e provavelmente analfabeta é elevada à glória. Maria, aquela mulher vinda de um povoado pequenino, do qual até duvidavam que pudesse sair gente importante, é levada inteira para gozar as delícias de viver junto de Deus. É essa Maria, mulher que se põe toda a serviço, que o Papa Pio XII proclama como totalmente assumida, aceita em cada pedacinho da sua história, realidade e vida pelo céu.
Por isto a festa de hoje é a celebração também da ressurreição. Já tinha acontecido a ressurreição de Jesus, homem e Deus. Eis que vem agora uma criatura plenamente humana, a mãe do Ressuscitado, que é elevada para a glória de Deus. Sem dúvidas que é também por causa disto que temos mais certeza ainda da nossa própria ressurreição.
Maria de Deus é Maria do povo. Nosso Deus vem e se encanta na terra com os seus pequenos, eis que eles, aos seus olhos, são imensos. Acolhe em seu seio os deslumbramentos da criação e Maria é essa maravilha primeira que Ele assume totalmente. Nosso Deus é atento e não deixa que se perca nada que tenha valor aqui na terra. Cuidadoso com o que vale realmente, que não é mera imagem, bijuteria. Deus se alegra porque descobre naquela cidadezinha esquecida uma mulher totalmente aberta para os dons do Amor.
Maria não se divide como nós. Sempre temos algo em nós que nos prende às coisas da Terra. Ao contrário, a mãe de Jesus é toda de Deus. Está aí o sentido profundo da sua virgindade. Uma mulher que é tão aberta a Deus e às suas maravilhas que só pode mesmo ser virgem. Nada do que ela viveu e fez ficou de fora da bondade de Deus. Tudo nela é bom e por isto tudo é levado para o alto. Tudo é elevado. Tudo é assunto para o céu, é assunto ao céu.
Ela vai inteira, Maria é sempre toda, apressada, se colocar plena no serviço de Isabel. Nessa visita acontece a junção do Antigo Testamento com o Novo. Vejamos como Lucas nos mostra esta reunião. De um lado está Maria a mulher que traz no ventre aquele que é a maior novidade possível para nós, humanos. À sua frente está postada a mulher idosa, Isabel, carregando no seu ventre aquele que será o último profeta da Antiga Lei. Que momento estupendo. Que cena mais bonita, Maria e Isabel, Primeiro e Segundo Testamentos se encontrando para a redenção (a ressurreição) do gênero humano.
E como em todo momento de grande festa, no qual até os bebês ainda nos ventres maternos se rejubilam, este também precisa ser cantado. Maria vem então para proclamar o que Deus faz nela e, por extensão, também nos pequeninos de todos os tempos. Hora que precisa ser cantada, mas não por qualquer poema. É preciso que seja um canto que deixe bem claro que a ordem, até então considerada como natural das coisas precisa ser revista caso, como ela, também acolhermos em nós o Salvador.
Maria não se divide e por isto é resgatada inteira pela Trindade. Conosco é diferente. Somos divididos e temos coisas em nós que precisam ser podadas para que possamos ser levados por Deus. Por isto não haverá a nossa assunção como a da mãe. Seremos ressuscitados o que já é uma coisa extraordinária. E na vida nova, que será eterna, não estaremos mais divididos. Seremos completos e assim, inteiros, estaremos com a Trindade Santa, juntos de Maria que lá espera pelos seus filhos.
Na Bíblia não há textos específicos da Assunção. Por isto é necessário que se busquem leituras que a possam representar neste momento no qual Deus a glorifica. No Evangelho temos a visita de Maria à Isabel e na primeira leitura temos um texto muito bonito do Apocalipse que inicialmente se referia à Igreja perseguida dos primeiros tempos, mas que pode muito bem também representar a nossa mãe. Sim, porque Maria foi na sua vida esta representação primeira e completa da Igreja. Não e a toa que ela é a Mãe da Igreja.
A segunda leitura vem nos reforçar este sentido de ressurreição da liturgia de hoje. O último inimigo, lembra-nos Paulo, que é a morte, é vencido. Ainda temos os inimigos menores que nos atrapalham no dia a dia. As paixões desordenadas, as nossas fixações e pecados, os falsos tesouros que juntamos. Mas podemos ter a certeza de que esses passarão, na medida em que o maior dos inimigos será também posto sob os pés do Senhor da História.

Para refletirmos:
- Maria vai, apressadamente, ajudar a sua prima grávida. Como está a dimensão do serviço na minha vida?
- Todos nós temos uma grande devoção a nossa Senhora. Vale agora avaliarmos como está essa devoção. Permanece estacionada da mesma maneira que era no meu tempo de criança, ou cresce e se aprofunda comigo na medida em que me desenvolvo na vida e na fé?
- Minha vocação primeira é a cristã. É a partir dela que irei assumir a vocação específica na Igreja de Jesus. Como sigo a minha vocação cristã? Tenho clara a vocação de leigo na Igreja?

1ª Leitura - Ap 11,19a; 12,1-6a.10ab
Abriu-se o Templo de Deus que está no céu e apareceu no Templo a arca da Aliança. Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas.Estava grávida e gritava em dores de parto,
atormentada para dar à luz. Então apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete coroas. Com a cauda, varria a terça parte das estrelas do céu, atirando-as sobre a terra. O Dragão parou diante da Mulher
que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse. E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. Ouvi então uma voz forte no céu, proclamando: "Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo".

2ª Leitura - 1Cor 15,20-26.28
Irmãos: Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. E, quando todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.

Evangelho - Lc 1,39-56
Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!"
Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu". Maria disse: "A minha alma engrandece o Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, pois, ele viu a pequenez de sua serva, eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! O Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam. Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos. Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou. De bens saciou os famintos despediu, sem nada, os ricos. Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido aos
nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre". Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.


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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 10/08/2010
Alterado em 14/08/2022


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