Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos

Por que temos tanto medo da morte?


Meu caro Luiz, você me pergunta do por que do medo que temos da morte. É,você tem toda razão. Na verdade o falecimento é algo que muitas vezes causa verdadeiro pavor a muitos de nós. Acredito mesmo que caso fôssemos fazer uma enquete estaria aí um dos principais medos humanos, talvez o maior. A morte, com toda certeza, muito nos amedronta. Ela nos acompanha vida afora. Só há um tempo no qual este medo diminui. Repare que durante a juventude costumamos nos sentir um tanto quanto eternos e não ficamos tão preocupados com esta realidade, lembra-se?
A morte, ao contrário da ressurreição que depende da fé, é a única certeza que temos na vida. Nenhum de nós deixará de passar por ela. O convite que temos, como cristãos, é no sentido de buscarmos um olhar novo em relação a esta realidade. A este olhar diferenciado damos o nome de fé. É pela fé que sabemos da nossa eternidade. Sim, a partir do momento em que somos gerados nós nos tornamos eternos. Nunca mais iremos morrer. Daí que, para os que crêem não faz muito sentido este medo.
A morte é apenas uma passagem num túnel escuro para a vida total, a vida plena em Deus. Esta, na verdade, é a segunda passagem física mais forte que temos na existência. A primeira todos já passamos por ela, eis que aconteceu durante o nascimento. Imagine um bebê no útero da sua mãe que estivesse prestes a nascer e que pudesse conversar com você com maturidade para entender, pelo menos em parte, o que está com ele acontecendo. Será que se indagarmos dele se quer nascer, ele nos responderá que sim? Acredito que a resposta do feto seria bem negativa. Por que sair da barriga gostosa da mãe, da proteção do útero quentinho e gostoso, onde há fartura de comida e carinho?
Esta é a mesma coisa que acontece conosco em relação à morte. No útero materno a criança diz que não quer nascer. No “útero” da terra nós também dizemos que não queremos morrer. Ninguém quer fazer a passagem. Afinal, da mesma maneira que o feto não sabia o que o esperava aqui fora, nós também não temos clareza do que nos acontecerá do lado de lá. O que temos certeza, pela nossa fé, é que todos ressuscitaremos, mas o como isso se dará já faz parte do terreno das conjecturas, não é mesmo? O fato é que a gente se acostumou aqui na terra (que virou a segunda barriga da mãe) e por isto, sem saber exato o que tem do outro lado (como o bebê) a gente não quer morrer. E é aí nesse ponto que o nosso medo de morrer se alimenta.
Agora, depois de refletir sobre estas duas passagens, amigo, fica mais fácil responder essa sua pergunta. O ser humano tem tanto medo da morte porque possui uma fé muito pequena. Se ela fosse grande este medo desapareceria. Ter uma fé grande é ter a certeza que iremos ressuscitar, ou seja, que já nos tornamos eternos e que nunca mais iremos acabar. Sabedores disto, por que continuar com o medo da morte? Caso tivéssemos mesmo uma grande fé poderíamos ter, mais que a tristeza da partida e da falta dos entes queridos, a celebração da passagem para a outra vida. Haveria então um maior espaço nos velórios para a alegria, não é mesmo?
Eu sei que a partir desse meu argumento você poderá me dizer, “ah, Fernando, mas o que tenho medo na realidade é de deixar as pessoas que amo”. Note que aí a coisa muda de figura, eis que estaremos falando do sentir falta, ter saudades e não mais do medo. E tendo uma fé grande teremos a certeza de que iremos reencontrar essas pessoas que a gente ama e que morreram. Quando estivermos todos ressuscitados e vivendo na glória e na alegria de Deus estaremos todos juntos novamente. Ou seja, a separação que nos gera tanta saudade e tristeza (que são mais do que normais), irá um dia terminar. Que bom que assim será não é mesmo, Luiz?
Abraços e, caso sinta vontade de continuar essa conversa, é só me escrever novamente,
Fernando Cyrino
www.genteplena.com.br
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 09/09/2010


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