Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Liturgia da Missa - Reflexão sobre a Mesa da Palavra para o domingo 19-09-2010 - Ano C - XXV do Tempo Comum – O seguimento de Jesus requer fidelidade, cuidados e partilha

Aquele era verdadeiramente um homem bom. Sempre disponível para ajudar e atento às necessidades da comunidade. Após as missas era quem fazia a contabilidade das ofertas. Um dia descobriu ser possuidor de estranho poder. Ao olhar para as notas ofertadas ele era capaz de ver por onde tinham andado. Isto o deixava triste. Não lhe fazia nada bem ver as trajetórias daqueles dinheiros. Ainda mais que estava distante o tempo no qual encontrara uma nota com uma caminhada toda limpa.
Ao pegar no dinheiro vinha-lhe cenas de todo jeito. Havia umas bem bonitas e outras que o faziam sentir nojo. Tinha aquelas que foram usadas para comprar drogas, outras que eram fruto da exploração do trabalho e do corpo. Até notas que tinham passado por assaltos e muitos tipos de violência costumavam aparecer no cesto das ofertas.

Que o dinheiro se presta a todo tipo de injustiça todos nós o sabemos. Conta uma história que Santa Isabel da Hungria foi orientada pelo seu confessor a não comer e nem vestir nada que fosse fruto de injustiça. Imaginem se nos fosse pedido algo assim hoje em dia. Quando envolvida a questão dinheiro sabemos o quanto é complexa a questão do pecado em nós. Através da primeira leitura o Profeta Amós, cerca de uns oitocentos anos antes de Cristo, já denuncia este fato em texto que poderia muito bem ter sido escrito na atualidade.
Jesus usa desta constatação para nos alertar no sentido de sermos mais previdentes. O administrador infiel do Evangelho, ao ver que está em maus lençóis, pega o dinheiro do patrão e ajuda seus credores como forma de ficar bem com eles. Não que Jesus o justifique nesse seu ato desonesto. Tanto é assim que Ele o nomeia como “filho das trevas”.
O que o Senhor, através desta parábola, sem dúvidas que bem escandalosa, quer nos ensinar é que, mesmo sabendo da raiz injusta do dinheiro, temos necessidade de usá-lo e com ele fazer o bem, construir amigos. Não qualquer amizade, mas a amizade com aqueles que nos aproximarão do Pai, bem com, em primeiro lugar, a intimidade de Deus mesmo, para que sejamos recebidos nas “moradas eternas”.
Jesus fala ainda de fidelidade. Lembra-nos que o seguimento exige definição. Atitude concreta de cada um, testemunhando com a vida a quem servimos. A pergunta é: afinal, quem é o meu senhor? Sirvo a Deus ou ao dinheiro? Servir ao dinheiro é ajudar na manutenção do seu “círculo vicioso”, ampliando-o na medida em que com ele nos sujamos, adorando-o como nosso deus. Servir a Deus é dar continuidade ao “círculo virtuoso” de se fazer amigo e servidor dos demais, usando do dinheiro tanto quanto nos ajude no crescimento e na abertura, para que não fiquemos estacionados no egoísmo.
Estas são vésperas de eleições. A hora é de escolhermos bem aqueles que nos representarão e para isto vem a calhar as três leituras propostas para a Liturgia dominical. Na segunda leitura Paulo escreve a Timóteo e recomenda que sejam feitas “preces, orações, súplicas e ações de graça” pelos governantes. Elas servem-nos de alerta para que nos preparemos bem.
Hora então de pedirmos ao Senhor, não que resolva milagrosamente os problemas, mas para que nos dê o dom do discernimento para que escolhamos aqueles que sejam realmente os mais preparados para servir à sociedade, liderando-nos na resolução dos problemas..
. “Voto não tem preço, tem conseqüências”. Este tempo é de muita atenção para que, ao contrário do “domínio dos pobres e dos humildes” denunciado por Amós e de administradores que não foram fiéis nem nas pequenas coisas, como nos lembra o Evangelho, tenhamos gente digna e preparada nos representando. Por causa disto é fundamental que permaneçamos atentos às histórias dos candidatos. O objetivo é que tenhamos gente competente, que viva o mandato que lhe é outorgado como entrega e serviço à sociedade e não a si próprio.
Para refletirmos durante a semana:
- Como me preparo para o futuro, administro fielmente a vida que me é dada?
- Como escolho meus candidatos?
- Quem é o senhor da minha vida?

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1ª Leitura - Am 8,4-7
Ouvi isto, vós que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra; vós que andais dizendo: 'Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria? E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos, e adulterar balanças, dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do trigo?' Por causa da soberba de Jacó, jurou o Senhor: 'Nunca mais esquecerei o que eles fizeram.

2ª Leitura - 1Tm 2,1-8
Caríssimo: Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens; pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos,
a fim de que possamos levar uma vida tranqüila e serena, com toda piedade e dignidade.
Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; ele quer que todos os homens sejam salvos
e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, que se entregou em resgate por todos. Este é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus, e para este testemunho eu fui designado pregador e apóstolo, e - falo a verdade, não minto -mestre das nações pagãs na fé e na verdade. Quero, portanto, que em todo lugar os homens façam a oração, erguendo mãos santas, sem ira e sem discussões.

Evangelho - Lc 16,1-13 ou 10-13
Naquele tempo: Jesus dizia aos discípulos: 'Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: 'Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens'.
O administrador então começou a refletir: 'O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o que fazer,
para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração'. Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: 'Quanto deves ao meu patrão?' Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinqüenta!' Depois ele perguntou a outro: 'E tu, quanto deves?' Ele respondeu: 'Cem medidas de trigo'. O administrador disse: 'Pega tua conta e escreve oitenta'. E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza.
Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz.
E eu vos digo: Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes,
e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis
no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores. porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.'


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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 13/09/2010
Alterado em 15/10/2010


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