A pedagogia de Deus em Inácio de Loyola
O Deus de Jesus é mestre. Nosso Deus é educador. Tal como o Filho que sempre nos ensina o Pai também vem nos trazer, a cada dia, novos ensinamentos. Isto se dá através de processo diferente daquele dos tempos de escola, quando havia a obrigação da ida até a sala de aula e lá receber as lições necessárias ao crescimento em sabedoria humana. O aprendizado das coisas de Deus se dá de outra maneira.
Não que os cursos, leituras e reuniões de comunidade não nos tragam também novidades. Eles sempre irão nos dar aprendizados cheios de riquezas. Só que há outras formas de Deus nos ensinar que não passam por estes caminhos óbvios. Deus nos ensina através da vida, da natureza, das pessoas com as quais interagimos profundamente e até mesmo com aquelas que passam pelas nossas estradas como uma estrela cadente que corta o céu.
É essa a pedagogia de Deus. A Trindade nos educa na sala de aulas do mundo. Nela há milhares de lições a serem aprendidas a cada dia. Importa que não sejamos “rudes e de espírito grosseiro”, mas que estejamos abertos para perceber e sentir aquilo que precisamos aprender, para nos tornarmos melhores. Para tal é preciso que estejamos atentos, com os sentidos todos ligados e o espírito aberto para saborear o que nos está sendo ensinado, acolhendo assim a novidade.
Para aprender é necessário esvaziar-se e se colocar nu diante de Deus. Lançar fora tudo que seja atravancador e não deixa espaço para que Deus entre. Para aprender é preciso desaprender do que não leva para o bem maior. Inácio, na caminhada de conversão, mostra-nos esse deixar o que se vivia e sabia. Ainda convalescente deixa a casa de Loyola. No caminho vai deixando pessoas e coisas. Primeiro fica o irmão, depois ele entrega a roupa para o mendigo nas portas de Montserrat. Finalmente livra-se da espada e da montaria. Ao se colocar livre diante de todos e de tudo ele dá um recado para o Senhor de que está pronto para acolhê-lo. Que dentro dele há espaço para experimentar a sua novidade.
Nosso Deus, em definitivo, que não é repetitivo. Ele é sempre novo e criativo. Afinal, “faz novas todas as coisas” e do seu baú, além das coisas antigas, sairão sempre novidades. Ele nos faz e nos ama como somos, mas não para que permaneçamos assim, porém para que não fiquemos acomodados e partamos em busca de mais. Há sempre espaço para o crescimento, para que nasçamos de novo e nos transfiguremos em homens e mulheres mais humanos. Inácio toma consciência das infinitas novidades do ensinamento de Deus e, para melhor aprender, ele se faz como criança. Sabemos o quanto elas estão mais abertas ao novo do que nós. Por isto Inácio aprende e vai crescendo em “sabedoria e graça” diante de Deus que o ensina e dos homens, que serão os agraciados com tudo que ele aprende do Senhor.
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