Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Poeira colore o céu.
Nuvens vão para o horizonte.
Uma rolinha arrulha.

Tráfego parado.
Pássaro canta no galho.
Buzina responde.

O trovão ribomba
Vidro cheio de respingos.
Coração vai seco.

Cheiros vem da infância
soprando poeira ao rés do chão.
Chuvarada outonal

Arco-iris no alto.
Automóveis enfileirados.
Uivo da sirena.

Chuva na janela.
O raio ataca e risca o vidro.
Treme a taramela.

Cansado vou e escorro.
Ânsia de ser acolhido.
Olhar de cachorro.

No chão todo cinza
chega o verde e amanhece.
A vida acontece.

Onde havia vida
agora há só o silêncio.
Adubo na terra.

Uma flor colorida
abre-se no céu do Japão.
Morte que vem do alto.

Louco no meio da rua
desfila altivo como rei.
Coroa de abacaxi.

Zumbido da abelha
dançando em volta do seu par.
Avança e beija a flor.

Planta bananeira
no teto a feia varejeira.
Lagartixa espreita.

Pés pisando pedras.
Poste de luz apagado.
Ratazana corre.

Na chegante noite
rã procura namorada.
Manacá cheiroso.

No banco da praça
velho olha para o horizonte.
A lágrima embaça.


O beija-flor, fugaz,
passa, zum, pelas retinas.
Vida passa voraz.

Rádio alegra os ares
Invade-me todo o canto.
Nesse canto, danço.

Risos camuflados,
vida seguindo escondida.
Janela fechada.

No caminho eu sou
um a mais a pisar o chão.
Sou sombra do sol.

Meu bem demora,
me pôs aqui sentado ao sol,
comendo amora.

Um pássaro novo
passeia pelo meu jardim.
Fora da paz do ovo.

Na praça ensolarada
chuvisco branco na roupa.
Eca que cai cocô.

Passarinho pica
no pé apetitoso caqui
que pra você escolhi.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 11/11/2010
Alterado em 11/11/2010


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