Crise vocacional - Carta a um jovem com muita dúvida quanto à escolha do caminho de vida
Meu caro Pedro,
a paz e a alegria do Natal! Quando o Menino Deus faz entre nós sua morada!
É sempre bom a gente se questionar e checar se o caminho escolhido é mesmo aquele que nos fará mais felizes. Você, amigo, já formado, vive agora esta crise. A crise em si é boa. Ela propicia reflexão e nos desinstala. Estar se sentindo bem pode levar ao comodismo, ao "deixa estar para ver como é que fica". Mas cuidado. A crise também pode ser mortal. Ou seja, quando ela é mal tratada pode nos conduzir para becos sem saída. Bem conduzidas nos levam ao bem maior.
Por isto a minha palavra, que não deixa de estar apoiando, é também de questionamento para você. Acho que a premissa colocada para a sua mudança não é totalmente válida. Você poderá encontrar engenheiros altamente críticos, reflexivos e de bom carater e cientistas sociais alienados, rasos e corruptos. Acho que não deve ser por aí a sua definição.
Somos chamados por Deus para construir o mundo e é necessário que busquemos para isto a nossa vocação. A formação escolhida por você está te frustrando e te fazendo ver que ela não representa o caminho melhor. Sinta no seu coração se a crise se dá devido a um fato específico, ou se ela é mais ampla e se mantém há longo tempo. Se for devido a um fato acontecido, deixe passar a dor, raiva, ou sentimento negativo trazido por ele para decidir. Se for algo mais longo aí continue a sua reflexão.
Na verdade você está na busca ainda da sua vocação. Da maneira como exercerá no mundo a sua missão de cristão.
Não faça esta escolha sozinho. Coloque-a também no coração de Deus. Reze e veja o que o Senhor está querendo te dizer sobre este seu conflito. A resposta será aquela que te dará paz e consolação. Mesmo que para segui-la você terá que trabalhar muito e sofrer por não ser compreendido.
Você está fazendo opções entre duas coisas boas: a engenharia e as ciências sociais. A este tipo de escolha dá-se na Igreja o nome de discernimento. Vou te dar três dicas na expectativa de te ajudar neste processo.
A primeira é dobrar uma folha ofício ao meio no sentido vertical. Com a folha dobrada escreva, sem criticar, todas as vantagens da mudança desejada. Depois de escrever todos que se lembrar, vire a folha e escreva agora tudo que você vê de desvantagem, aquilo que seja ruim para a mudança. Num momento seguinte você pode até ranquear o que pôs de bom e de negativo.
Feitas as duas listas, veja para onde a balança pesa mais.
Outro exercício que te proponho é se imaginar já velhinho contando para um neto, por exemplo, a decisão que agora está tomando. O que imagina que estaria falando com ele? Que estaria feliz pela decisão tomada ou arrependido por ter mudado, ou mantido o que já fez?
A terceira dica e reflexão diz respeito à questão do trabalho em si. É o exercício de se perguntar onde estará servindo mais a Deus, à sociedade, ao mundo (transformando-o) e aos irmãos? Lembre-se que a profissão existe para servir e não para a gente se servir dela. Veja aí onde poderá servir mais.
Amigo, acho que já te dou pano pra manga pra pensar e rezar. Querendo conversar mais, pode escrever. Abraços na certeza de que Deus é bom e de que Ele nos ama profundamente,
Fernando
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 27/12/2010
Alterado em 20/01/2011