Carta a uma adolescente vivendo dificuldades de relacionamento com sua mãe
Querida Mariana,
paz!
Hoje o ano se inicia. Quero começar esta carta com a sua resposta lhe desejando muita paz e alegria nesse ano que hoje começamos a viver, pra você e pra sua mãe, tá?
Você me diz na sua carta que, nos seus dezesseis anos, tem tido muitos problemas e brigas com a sua mãe. Há razões para isto e gostaria de lhe trazer algumas pistas para que possa refletir até que ponto você também tem alguma culpa neste processo.
Minha amiga, quando você era criança pensava igualzinho a sua mãe, não é mesmo? Ela era o modelo perfeito para você. Na medida em que foi crescendo, foi tendo opinião formada sobre muitas coisas e é aí que começam a aprecer, aqui e ali, as questões das diferenças entre mãe e filha.
Repare que o mundo no qual você vive a sua adolescência é diferente daquele no qual sua mãe viveu a dela. A velocidade da mudança no mundo assusta muito a nós, que somos pais. Está aí, não duvide disto, uma das raízes geradoras de discordâncias sobre uma série de pontos. Isto é normal. Anormal seria me apresentarem uma adolescente que não pensa e age diferente da sua mãe.
A gente vai se desenvolvendo como pessoa e quando chega à adolescência, esta fase bonita que você está vivendo, precisa se afastar um pouco da figura materna. A mãe até então meio que misturada com você nos pensamentos, palavras e atos, passa a ser vista com um pouco mais de distância e a gente começa a ver também nessa fase que ela não é uma deusa. Mãe, como qualquer um de nós, tem muitos defeitos. Que bom que tem muitas qualidades também, né? E mais ainda, que a gente se precisa um do outro!
Isto não quer dizer que a gente, ao começar a reparar essas coisas, vai diminuir o amor, ou que deixará de respeitá-la como no passado. Ao contrário. Sabendo-a assim limitada, o carinho, atenção e amor por sua mãe só podem aumentar.
Ter diferenças é legal, o que não é nada bom é vocês se agredirem por causa disto. A gente parte para a violência quando se sente sem argumentos. A agressão é a resposta da ignorância e vocês não são pessoas assim desse jeito parecendo não ter argumentos válidos para conversar.
Vale dialogar com a sua mãe e ver com ela aquilo que vocês estão brigando. Se for difícil ter esta conversa, veja alguém próximo dela e de você, tomando cuidado para escolher alguém que seja uma pessoa madura e ponderada, para poder fazer este tipo de abordagem.
Na adolescência há uma sede imensa de se experimentar o mundo. Nessa hora é importante que os pais dêem limites aos seus filhos. Será que as dificuldades que estão tendo não passam por aí? O limite é saudável, desde que não enclausure os filhos por excesso de proteção.
O mundo é muito violento e complexo. Há então que se tomar alguns cuidados e você, minha amiga, irá concordar comigo que falta-lhe ainda experiência de vida para enfrentar uma série de situações que costumam acontecer no meio dos jovens, não é mesmo?
Falo aqui de coisas tipo drogas, sexo fora de hora, sem cuidado e sem responsabilidade, vandalismo, acidentes de trânsito, violência das ruas, descaso com os estudos...
Não deixe de rezar, aliás, reforce a oração, mas não vá esperar de Deus que Ele faça o milagre de, sem vocês fazerem nada, a paz se intalar na sua casa. É necessário que mãe e filha também façam as suas partes e trabalhar isto tem o significado de aprender a conviver.
Nesse tipo de conflito geralmente as duas partes têm razão e por conta disto lhe peço para que preste atenção nos temas das discussões porque te conto que costuma acontecer nelas uma-se brigar pelas mesmas coisas sempre. Se as brigas são pelas mesmas coisas, há que se buscar alguma saída inteligente.
A outra coisa é que muitas vezes também se discute e se briga por coisas muito pequeninas. Por situações que quando olhadas à distância se vê que não valem nem um pouco a pena o desgaste que nos causam...
Que tal buscar um grupo de jovens? Veja aí na sua comunidade. Sempre há algum por perto. Entre nele, vá buscar conhecer gente que tem idade parecida com a sua e que possa te ajudar na caminhada da vida. A gente não pode seguir sozinho e a mãe tem limites para nos acompanhar em tantas situações e sem dúvida que esta é uma outra fonte de dificuldades.
Tomara que em 2011, com a sua oração, mais diálogo um maior cuidado na convivência, haja muita paz na sua casa, viu?
abraços do seu amigo distante que daqui fica torcendo e rezando por você,
Fernando.
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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 01/01/2011
Alterado em 17/03/2013