Fui demitido e agora? Dez passos para a superação do desemprego
Minha cara Adriana,
paz!
sei como está se sentindo desligada depois de ter se entregado tanto durante todos esses anos de trabalho. Parece que o chão foi embora e que se encontra num vazio, não é mesmo? Escrevi um texto para todos aqueles que, como você, foram demitidos e se sentem perdidos sem saber que caminhos tomar. Espero que possam lhe ser úteis. No fundo o que sugiro para você é que aproveite o fato e faça uma revisão mais ampla da sua vida. Leia com atenção e siga em frente. Não fique parada. Querendo conversar mais,ou caso algo não esteja claro, não deixe de fazer contato.
Abraços na certeza de que você logo encontrará um outro emprego ainda melhor do que esse no qual foi desligada,
Fernando.
Os dez passos para a superação da crise da demissão.
"Tenho acompanhado pessoas vivendo o turbilhão da crise do desligamento profissional. Ouço suas histórias e noto que costumam ser semelhantes. Praticamente todos relatam terem sido pegos de surpresa e que se sentem arrasados, tendo a sensação terrível da traição. A partir das anotações do que tenho ouvido e falado com eles, apresento esses passos do demitido. Caso conheça alguém que experimenta esse drama, dê-lhe a mão, ajudando-o a peregrinar por eles. Ficar parado chorando o que se perdeu é o pior dos mundos.
1 – Meu Deus, fui demitido!
Pesadelo é sonho rápido e muito ruim. Saia logo dele e caia na realidade. A demissão é um fato concreto. Não vale ficar imaginando que foi alguma atitude abrupta do chefe e que quando os superiores ficarem sabendo poderão rever seu caso e te chamar novamente. Pedirão desculpas pelo ocorrido e lhe propiciarão uma entrada triunfal no saguão da empresa. Essas coisas costumam ser planejadas, bem como a chance de seu chefe não ter comunicado aos superiores dele o que iria fazer é bem pequena. Ficar parado a espera de um milagre é tentar a Deus. A hora é de usar a oração para mirar o futuro e buscar algo novo.
2 – Curtindo o luto
Não dá para fugir da dor, nem para ficar fingindo não estar sentindo nada. Fazer isto é dar mostras de alienação. Viver a perda é mais que um direito. É também uma necessidade. Ninguém quer que isto aconteça consigo, mas tendo ocorrido, curtir a experiência é o mais saudável a ser feito. Um couro curtido é muito mais resistente. É necessário curtir a fase para se sair dela mais forte. Mas repare, essa é uma fase, uma etapa a ser vencida. Usá-la como estacionamento é vitimez e não constrói nada. Caso sinta necessidade de chorar, não se reprima e chore bastante, mas de olhos bem abertos e já aspirando ao futuro. Afinal quem vive de passado é porteiro de museu e tenho certeza de que não foi esta a função da qual você foi demitido, não é mesmo?
3 – Onde foi que errei?
Como se fosse num filme reveja o acontecido. Caso tenha vivido muito tempo na mesma posição, analise seu empenho e motivação desde a hora em que assumiu o cargo até o momento da demissão. Busque por sinais de que as coisas não estavam indo tão bem. . Antes eles passavam despercebidos, mas agora os encontrará facilmente. Demissões, a menos que você tenha feito algo bem grave, não acontecem de supetão. Elas são histórias que vão, pouco a pouco, se construindo. Você fará este exercício não como masoquismo, mas como uma primeira abordagem nas suas competências. Uma verificação inicial dos seus pontos a desenvolver. Rever o acontecido tem também o sentido de não recair no emprego que virá nos mesmos erros.
4 – Qual é o meu caminho?
Essas crises podem se transformar em excelentes oportunidades de crescimento a partir da possibilidade de uma mudança de rumo. Suba num banquinho e tente olhar acima do que pode ver normalmente na sua profissão. O mundo muda muito rápido e pode ser que haja ricos caminhos paralelos a serem pesquisados, bifurcações a serem exploradas e retornos que são convites a serem avaliados. Permita-se pensar diferente. Cogitar outras possibilidades que sinta serem possíveis. Não necessariamente a melhor rota a ser seguida será exata aquela mesma que você vivia antes da demissão.
5 – Estou devendo nas minhas competências?
Só serei competitivo se tiver as competências para o que quero fazer no futuro bem atualizadas. Pesquise no mercado e veja como estão os 30% melhores profissionais do seu negócio. Veja que você precisa estar dentre eles para almejar voltar ao seu nicho. Caso esteja no meio (medíocre!?) ou abaixo da linha da água, a hora será de meter a cara no estudo e não de ficar enviando currículos. Veja em que competências precisa se desenvolver. Observe se é devedor nas técnicas, nas interpessoais, ou nas de liderança. Preste atenção, eis que nos porquês da sua demissão podem haver dicas sobre essas competências que você tem em déficit.
6 – Oba, minhas competências estão em dia!
Ponha a boca no trombone. Não é raro encontrar gente que se esconde quando foi desligado. Demissão não é doença. Muito menos moléstia contagiosa e não há porque se envergonhar dela. Ao contrário, se ela foi motivada por incompatibilidade de valores quem sabe não deverá sentir orgulho do acontecido. Prepare seu currículo e esteja atento a três aspectos nele: Que conte sua história profissional de forma sucinta e a partir daquilo que seja realmente significativo; que fale do que você é realmente como ser humano e profissional e que provoque curiosidade em quem vá lê-lo. Afinal, se contar tudo no currículo ninguém precisará te chamar para uma entrevista.
7 – Balançando na rede de contatos?
Arrume os cartões guardados e esquecidos e mãos a obra, telefone. Mande e-mail para os amigos, busque as listas dos cursos que já fez. As pessoas que conhece e que estão na sua mesma área. Pesquise se valerá a pena buscar head hunters. Redescubra os antigos colegas que foram para outras empresas da sua indústria ou serviço. De repente na própria família há quem possa indicar algo. Nessa hora todo tipo de contato é válido. E muito ânimo, não desanime nunca. De cada dez ou vinte contatos feitos quem sabe possa surgir ao menos um com algo interessante. Caso se sinta defasado tecnologicamente (essa é uma competência básica hoje em dia) atualize-se rápido. O mundo é outro e as redes sociais têm nele uma força imensa. Use-as bastante. Nelas poderá descobrir gente que tinha até esquecido que tinha passado pela sua vida e que poderá ser um nó bem legal nessa rede da busca de nova colocação.
8 – Enfim uma entrevista agendada!
Não confie na sorte, prepare-se bem para o encontro. Estude a organização na qual será entrevistado. Entre no site deles e descubra seus números. Veja o último balanço, repare se estão saudáveis. Leia tudo por lá que diga respeito às políticas de recursos humanos. Descubra se há um discurso de valorização das pessoas. Mostre que se interessa não só pela sua função específica, mas que é um profissional “antenado”. Veja se os valores deles são condizentes com os seus. Caso não o sejam, avalie se valerá a pena concorrer à vaga. Valor é o que vale profundamente para você. É aquilo que não se pode abrir mão. Cuidado, nunca minta na entrevista. É muito fácil checar informações e o entrevistador é alguém especializado em sacar mentiras, ou meias verdades e obviamente ninguém quererá contratar quem começa já faltando à verdade. Lembre-se que a entrevista também é sua. Ou seja, o candidato também está entrevistando a organização. Ao final, se tiver dúvidas, faça as perguntas necessárias para que tudo esteja bem claro. Quando se é oferecida uma vaga tem-se na fase de entrevistas 3 a 5 profissionais concorrendo. Note que a chance de não ser contratado é alta. Por isto não desanime caso as primeiras entrevistas não lhe gerarem trabalho.
9 – Profissional é quem desaprende e de repente aprende.
Não aja como um amador. Costumamos carregar um tanto de coisas aprendidas que não nos servem mais e que só atrapalham. Jogue esse peso morto fora. Desaprenda de tudo o que não mais é importante na sua carreira e aprenda o que seja realmente significativo e necessário. Não se iluda com o chavão dos “muitos anos de experiência”. Na maioria das vezes o que se vê por aí é um ou dois anos de experiência e um tanto grande de tempo de repetição dela. Mais do que pelas organizações, oriente-se para suas competências e profissão. Busque se conhecer mais. Saber das “suas manhas e gatilhos”, muitos deles podem ainda estar encobertos e até serem desconhecidos por você. Por “gatilho” quero dizer daquelas atitudes que se tomam “no automático” quando se é cutucado em alguma ferida profunda e que depois se arrepende dela profundamente. Toca-se aí e a gente literalmente explode. Saiba que ter competências atualizadas tem o sentido também de que o profissional se conhece profundamente como pessoa.
10 – Alegrem-se comigo. Fui contratado!
Você agora é um profissional bem maior do que naquele dia no qual foi demitido. Aprendeu com os erros e se preparou para uma nova relação profissional. Parabéns. Tenho certeza que terá grande sucesso."
Caso você se interesse pelo tema visite o site www.genteplena.com.br onde encontrará outros artigos referentes à gestão de pessoas, liderança e mudança.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 08/02/2011
Alterado em 05/02/2013