A abelha que só rezava
Enquanto as irmãs na colméia trabalhavam duro, colhendo o néctar das flores e em tantas outras tarefas, Abília, uma abelha muito religiosa, rezava no belo oratório que construíra.
Numa das suas poucas saídas do lar ela vira um assim na casa de um humano. Encantou-se e desde então passava os dias dando louvores a Deus com suas patinhas ajoelhadas diante dos santos de devoção.
Adélia, sua irmã doente, gemia numa cama logo ao lado do seu canto de reza, mas ela, com seus CDs no máximo volume, era incapaz de ouvi-la. E mesmo que a escutasse, como deixaria de dar atenção a Deus para cuidar de uma simples abelha? Impaciente, Abília vivia irritada com suas irmãzinhas pelo barulho que faziam conversando.
Um dia houve grande tempestade na floresta e a árvore na qual viviam acabou perdendo sustentação por causa do desmatamento e estava caindo. Todas tinham que sair voando bem rápido. Gritaram muito para Abília chamando-a e alertando-a do perigo, enquanto buscavam na cama a pobre Adélia, mas quem disse que ela podia escutá-las?
Quando a fumaça chegou às narinas Abília até que tentou voar, mas os músculos das asas, que a levariam junto às outras para a salvação, estavam fracos e atrofiados e nem andar bem ela podia, pois que os joelhos, inchados de tanto ficarem de joelhos, não lhe davam nenhuma sustentação.
E foi só quando caiu a árvore em meio à lama da enxurrada, que ela pode enfim perceber que a oração, mesmo sendo algo necessário, sozinha não é capaz de salvar nenhuma abelha, mas que para isto é preciso também estar vivendo em comunhão com todas as suas irmãs.
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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 16/02/2011