A jumentinha que carregou Jesus

Num povoado perto de Jerusalém vivia, dentre muitas outras, uma jumentinha muito carinhosa com seu filhote. Certa manhã dois homens, que ela nem conhecia, levaram-na sem ao menos dizer para aonde. O filho nem precisou ser puxado. Foi a mãe sair e ele ia seguindo atrás todo animado. O destino era a entrada de Jerusalém.

Chegando lá a forraram com panos bonitos e um homem a montou. Ela ficou alegre porque se acostumara a carregar coisas e isto não lhe dava prazer. Do que gostava mesmo era de levar gente. Nem um passo dera e reparara que transportava alguém muito diferente. Um ser tão especial que nem lhe pesava nada, como seria normal de ser. Ela seguia feliz. Ainda mais que já descobrira que estavam envolvidos numa grande festa.

Havia muita gente. A multidão em volta cantava hosanas e dançava balançando ramos. Festeira demais da conta desde pequenina, de vez em quando zurrava demonstrando sua felicidade. Isto fazia com que o homem sorrisse e acariciasse seu pescoço.Ao final daquela bela parada ele desceu. Ela, tão descansada quanto naquele momento que saíra de casa, foi levada com o burrinho para o seu cantinho.

A semana ia passando normal, sem haver nehuma novidade. Trabalho rotineiro de carregar pra lá e pra cá sacos cheios de trigo. Foi assim até que na sexta-feira, ao cair da tarde, vieram pedir ao dono que a emprestasse. E lá foi então nossa burrinha, que nunca antes daquele domingo tinha estado em Jerusalém, pela segunda vez e toda serelepe, para a cidade grande e famosa.

O trajeto agora era diferente. Subiam a trilha de um morro. Lá no alto algumas mulheres e um homem lavavam e perfumavam um morto. Cuidadosamente, depois de forrarem seu dorso, o colocaram sobre ela. Foi então que notou, porque não sentia nenhum peso, que era aquele mesmo homem muito especial que no domingo levara pelas ruas. Nossa jumentinha agora trotava com a cabeça bem baixa e pela poeira do caminho iam ficando as marcas das suas lágrimas.

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