Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


A língua do Amor

Num bairro de uma cidade qualquer vizinhos de um mesmo prédio viviam às turras. Eles, definitivamente, não se entendiam. Qualquer palavra que fosse dita, por melhor que pudesse ter sido a intenção, era de imediato mal interpretada. Ali cada qual falava a sua própria língua e nenhum era capaz de entender o que dizia o outro.

Não podiam mais nem se ver, pois que encontros, ao invés de trazer a alegria de se contar as novidades, era motivo de mais discórdias. O fruto dessas confusões era o aumento da divisão. Não existia amizade e mesmo no seio das famílias, porque tomavam partidos diferentes nos conflitos, as brigas aconteciam e eram ainda mais violentas.

Muitos por não suportarem aquele clima ruim, na primeira oportunidade se mudavam para bem longe. Foi numa situação assim que vagou um apartamento, mudando-se para ele uma pessoa muito especial. Essa era uma mulher. Sempre sorria e só a sua presença já transmitia muita paz.

Sem dúvidas que ela, ao chegar, se assustou por não ter sido compreendida ao falar-lhes pelos corredores e elevador palavras bonitas e carinhosas. Sentira logo de cara que aquele prédio no qual fora morar não tinha espírito, ou melhor, havia sim, mas um espírito bem ruim.

No seu coração aquela mulher trazia um espírito bom e espírito assim não costuma desistir fácil. Por isto ela era insistente em lhes apresentar sua língua, mesmo notando que ninguém a entendia e que as respostas que lhe davam eram agressivas.

Foram as criancas quem primeiro a entenderam. Falava e eles, mesmo nunca tendo ouvido palavras daquele jeito, de imediato a compreendiam. São sábios os pequenos e rápido notaram que aquela mulher trazia algo especial e que lhes fazia muito bem. Repararam então que era preciso ajudá-la a disseminar aquilo pelo prédio.

A mulher não estava mais só. Agora eles eram muitos e assim o milagre pôde acontecer. Todos foram sendo conquistados por aquela língua mágica. Então, era como se o mundo tivesse se tornado outro. Um novo espírito tomava conta de tudo. Todos falavam e se entendiam, sorriam e eram correspondidos. Eles passaram a se visitar e as famílias tinham prazer em acolher os de fora.

Agora aquele prédio era um lugar de amigos. A paz reinava e mesmo os vizinhos, aqueles que moravam nos prédios e casas em volta, notavam a transformação havida e se beneficiavam dela, levando também para seus ambientes aquele espírito muito bom que por lá havia.

Foi então que um daqueles meninos, curioso, resolveu perguntar qual seria o nome da língua tão bonita que lhes ensinara e que tanta transformação havia causado por lá? 

Num largo sorriso ela lhe respondeu: “Eu não ensinei uma língua nova. Todos vocês já a sabiam no coração, eis que era a língua do espírito  que a gente vem com ele. Somente era preciso que alguém os fizesse recordar daquilo que já conheciam para que colocassem em prática. Essa língua que agora todos falamos é a do Espírito, a língua do Amor”.

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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 05/06/2011
Alterado em 15/12/2016


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