A compaixão, atributo maravilhoso de Deus para o homem
É bonito reparar na vida de Jesus as várias vezes em que Ele olha para o povo ou para alguém especifico e tem compaixão. Ao ver a multidão faminta Ele sente, ao contrário do que sugerem os discípulos, que não pode despedi-la. Ao atender o cego que lhe grita, sente compaixão e o cura, bem como faz o mesmo ao se encontrar com outros doentes vida afora. Também com as mulheres, as crianças e todos os tipos de excluídos do seu tempo, Jesus exercita sua compaixão.
Quem ama é compassivo, eis que a compaixão é um dos muitos atributos do amor. Para se exercer a compaixão é necessário sair de dentro de si mesmo e caminhar na direção do outro. Percebê-lo em todas as suas dimensões, tomar consciência das suas carências e necessidades e principalmente sentir com ele a dor que sofre. Por isto o egoísta não consegue sentir compaixão. Ele não consegue sair de si e muito menos perceber a necessidade e o sofrimento do outro. Quando o nota é muito mais para vê-lo de fora, sair de perto dele e até imaginar como poderá lucrar com a situação.
Deus é Amor, nos ensina São João. Ter compaixão, portanto, é um atributo divino. O seu exercício é a extensão, através do corpo humano, da ação de Deus no mundo. Interessante que isto se dá mesmo que não se tenha consciência dessa realidade misteriosa. Independente de se acreditar ou não em Deus, todo homem que exerce a compaixão, a está vivendo em nome do Criador.
A compaixão é praticada sempre em relação a alguma necessidade. Para se fazer digno dela é necessário se ver na condição de pequeno e humilde. O orgulhoso, por se bastar a si mesmo, é incapaz de se perceber necessitado e por conta disto, terá uma grande dificuldade em aceitar a compaixão de alguém. Por esse motivo ele dificilmente será também compassivo, eis que, mesmo olhando o seu semelhante necessitado, o fará de cima para baixo e não de igual para igual. Por isto a sua compaixão, ao invés de ajudar, será muito mais capaz de humilhar quem a recebe.
Compaixão e esmola são palavras sinônimas. Entender as duas dentro do mesmo espaço semântico é algo que ajuda a que se perceba como necessitado. O mau uso da esmola, tantas vezes dada como sobra, ou como remédio para se aliviar a consciência, sem dúvidas que prejudicou o entendimento da compaixão. É preciso que se resgate a similaridade dessas duas palavras.
Para se compreender melhor a compaixão ajudará colocá-la ao lado de outras duas palavras que brotam do coração de Deus: a justiça e a misericórdia. Elas são como três irmãs que caminham sempre juntas, para que seus sentidos sejam reforçados e para que quando se manifestem, que o façam plenamente. Por isto, onde se vive a compaixão deve haver também a justiça e onde houver as duas, é preciso que se exerça lá a misericórdia.
Refletir sobre essa realidade deve levar a que se pergunte: quem é o pobre para mim? A resposta estará na compaixão. Todo aquele que necessita da minha compaixão, independente de que seja possuidor de muitas coisas, ou não, deve ser visto como pobre. A começar dos mais próximos. A partir da compaixão se verá que não há ser humano verdadeiramente “rico”. Eis que todos nós necessitamos do outro. Quem sabe aquele que menos sente necessidade, seja o que mais está precisando de compaixão.
A compaixão, a justiça e a misericórdia, esses três maravilhosos atributos divinos, são exercidos por Deus de maneira integrada, ou seja, sempre juntos. Ele não é como o ser humano que costuma ter hora para ser justo, outra para a misericórdia e uma terceira para exercer a compaixão. Ao contrário, Ele ajunta tudo num grande feixe de amor que disponibiliza para todos. Deus é compassivo, justo e misericordioso.
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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 06/07/2011
Alterado em 08/12/2011