Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


A história da rainha boa e sua filha preguiçosa.

Naquela colméia vivia uma abelha diferente. Queria que tudo fosse feito para ela. Era um ser inútil, incapaz de realizar algo, por pequeno que fosse, em prol das irmãs. Assim ela pensava: “Ah trabalhar é bobagem. Sempre vai ter gente pronta para realizar o que seja necessário”. Desse jeito ia levando a vida. Toda dependente da ação das outras e achando que a rainha mãe é que possuía a obrigação de fazer as coisas. Julgava que se era a rainha tinha mais é que dar o que cada uma necessitava.

Foi assim até aquele dia terrível no qual aconteceu a grande fome. Há mais de ano que não caia gota d’água. Tudo estava seco e as árvores não floresceram. As operárias, menos a nossa amiga, voavam aflitas de um lado para outro e nada de pólen. Então, enquanto as outras trabalhavam, indignada, correu ao trono reclamando assim: ”Mãe, falta mel para nosso alimento, das velhas e das irmãzinhas que vão nascendo”. A rainha lhe respondeu: “Por que me fala assim? São vocês mesmas que devem dar de comer a elas”. Incomodada retrucou: “Mas como faremos isto se não há pólen para produzir mel?” A rainha, que era abelha muito das inteligentes, encerrou a conversa: “Tragam todo mel que há na colméia e alimentem a todas”.

A abelhinha folgada avisou suas irmãs e foi então que aconteceu o milagre. É que cada uma tinha no fundo do seu favo uma reserva de mel. Repararam que se cada uma desse um pouco do que guardara, haveria mel suficiente e ainda iria sobrar bastante para ser guardado, no caso da chuva ainda demorar. A preguiçosa, que nunca fizera uma gota de mel, sentia-se envergonhada. Afinal ela não tinha o que comer e muito menos podia passar algo às crianças e idosas. A rainha, vendo-a arrependida, sentiu compaixão da filha e a alimentou. Desde esse dia então ela aprendeu que viver em comunidade é, mais do que esperar de Deus, da rainha e das outras, também trabalhar para que não haja nenhuma abelha sentindo falta do necessário para a vida.


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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 21/07/2011
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