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O reino sem dificuldadesEra uma vez um reino onde havia muita fartura. A terra, da melhor qualidade, gerava tudo o que se precisava para a comida. O clima era ótimo, nem muito quente e nem havia dias desses frios de se incomodar. Nesse lugar não se conhecia o sentido das secas e muito menos das enchentes.
Tudo acontecia naturalmente no seu tempo e hora e por isto o povo achava não ser necessário o esforço e a superação. Aí, como não se sentiam desafiados para nada, começou a nascer neles a preguiça. O rei até decretou uma proibição aos seus súditos de se privarem daquilo que desejassem. Os jovens foram deixando as escolas e as práticas esportivas. Gastavam a vida entre a mesa de comida e os jogos do computador.
As coisas seguiam assim até que veio a grande inundação. Dos céus, por dias e mais dias, não parava de cair água. Os rios cheios tomavam as plantações. Nas cidades as casas ficaram cheias de lama e sujeira. Os animais passavam na correnteza, alguns ainda se debatendo e a grande maioria já morta. Nem os mais velhos se lembravam de algo que fosse ao menos parecido. Atônitos e apavorados não sabiam como agir.
Reunidos na Igreja no alto do morro viram os rios baixarem e observaram o rastro da destruição. Não sobrara pedra sobre pedra. Mas o que era muito pior é que ninguém tinha se preparado para tempos de dificuldade. Não sabendo renunciar a nada, exigiam que tudo se mantivesse em eterna festa, como antigamente. Só que não havia mais comida e as águas poluídas pelos tantos mortos não podiam ser usadas.
O rei moleirão foi dos primeiros a desistir de tudo. Dentre eles surgiu então um líder incentivando-os a resistir e se suplantar, eis que eram capazes de coisas imensas, caso se unissem e lutassem na busca da superação vencendo-se a si mesmos. Vários dentre eles ouviram suas palavras e o seguiram encontrando novo sentido para a existência. Aqueles outros que ficaram nem são mais lembrados hoje em dia.
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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 04/08/2011
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