Espiritismo e Cristianismo: O essencial nas diferenças entre as duas doutrinas. Resposta a uma mulher em dúvida sobre o seu caminho
Cara Ruth,
Paz!
Você me relata em sua carta ser católica e se pegar de vez em quando na dúvida se deveria freqüentar o Kardecismo, pois afinal “eles só falam em caridade e amor”. Vale então lhe trazer para reflexão o que há de essencial nas diferenças entre a doutrina de Alan Kardec e o cristianismo. A diferença básica entre as duas doutrinas está ligada à questão da salvação e é isto que lhe explico abaixo.
Mas antes disso quero lhe fazer uma ressalva a respeito dos questionamentos que fazemos da fé. A crença necessita ser questionada de vez em quando para sabermos se realmente cremos em Deus como nosso salvador. Por isto acho legal que você agora esteja se perguntando se está realmente no caminho certo. Com certeza que é a partir das dúvidas que vamos nos aprofundando no conhecimento de Deus e assim poderemos ir crescendo no seguimento de Jesus. Por isto é fundamental, quando assumimos uma fé, que a estudemos para que possamos enfim assumi-la e amá-la.
Nós, cristãos, acreditamos a partir da Bíblia e da tradição e reafirmamos isto em toda missa, que pela morte e ressurreição de Jesus Cristo todos fomos salvos. A doutrina espírita já nos apresenta algo bem diferente. Ela nos traz a reencarnação. Os irmãos espíritas nos dizem que a partir dela nós vamos nos desenvolvendo como seres humanos. O que se dá a partir de voltas sucessivas à Terra.
A reencarnação, por nos dizer que precisamos retornar à condição humana para nos redimir, vai de encontro à encarnação, negando assim a salvação que nos foi trazida pela vida e morte do nosso Deus em Jesus Cristo. Este é o ponto principal das diferenças doutrinais entre o cristianismo e a doutrina espírita.
Ao contrário da reencarnação, nós os cristãos cremos na ressurreição e acreditar nela é saber que não mais voltamos à vida nessa forma que agora existimos. Pela ressurreição nos tornamos eternos vivendo no gozo infinito da presença de Deus, o que torna incoerente que tenhamos que retornar ao mundo para nos salvar, já que estamos mais do que salvos pelo Amor de Jesus que se entregou plenamente, na cruz, por cada um de nós.
Isto não quer dizer que não possamos e nem devamos trabalhar juntos. Devemos sim, nos aproximar dos irmãos espíritas para ajudarmos as pessoas e às suas obras. Eles são exemplos maravilhosos, você mesma já havia constatado isto, de caridade e em muitos lugares há projetos que contam com a união entre eles e católicos.
Somos chamados ao diálogo inter-religioso e se colocar de mãos dadas na realização das obras boas com os irmãos espíritas é dom do Senhor. Afinal, tudo que leva ao bem é de Deus e por isto não devemos ter nenhum receio de nos aproximar das construções que tragam misericórdia, justiça e paz ao mundo. Nelas está o Amor e o Amor é Deus.
Daqui fico rezando para que persevere no seu caminho e supere as dúvidas de fé, caso queira continuar a conversa, estou aqui pronto a lhe responder, o meu abraço fraterno,
Fernando.
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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 26/08/2011
Alterado em 26/08/2011
