Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra do 26º  Domingo do Tempo Comum - Ser cristão é mais do que ser bom. Seguir Jesus é fazer o bem.

Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo: Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: `Filho, vai trabalhar hoje na vinha!' O filho respondeu: `Não quero'. Mas depois mudou de opinião e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: `Sim, senhor, eu vou'. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?' Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: 'O primeiro.' Então Jesus lhes disse: 'Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele. (Mt. 21,28-32)

A maior parte do tempo útil daquela senhora, era gasto na igreja em orações e novenas. Rezava muito, sempre para ela e para os seus, mas não reparava e muito menos se preocupava com alguma coisa que estivesse acontecendo fora da Igreja, ou de sua casa. Diariamente, na passagem pela praça, rumo ao templo e no retorno pra seu lar, tinha que se desviar e baixar a cabeça, persignando-se, eis que sempre por lá estava a prostituta em busca de clientes. Enquanto uma gastava a vida só rezando a outra, após ter ganhado seu triste dinheiro, ia até um quartinho escuro. Lá dava banho banho, alimentava e ia cuidando dos curativos numa amiga com AIDS. Depois apanhava duas conduções até sua casa, onde enfim iria alimentar, cuidar e acariciar os filhos.

Na vida religiosa é comum encontrar dois tipos bem característicos de gente. Há aquelas pessoas que cumprem os mandamentos. Para esses é impossível que haja um culto, uma festa religiosa, um terço, ou uma missa na qual não se façam presentes. Profundamente conhecidos nas Igrejas, fazem delas suas casas.

Sem dúvida que são pessoas muito boas. A questão é que podem se acostumar a olhar para cima, esquecendo-se de ver as pessoas ao lado, principalmente aquelas que são necessitadas delas. Pior ainda é que podem até se julgar justificadas por cumprir a lei.

O outro grupo de cristãos é aquele que podemos chamar de gente que faz o bem. Cultivam a vida de oração, têm intimidade com Deus, cumprem a Lei, mas não resumem suas vidas a isto. Estão sempre disponíveis a ajudar e servir os irmãos, principalmente àqueles mais desprezados pela sociedade.

Mateus através dessa parábola bonita e, ao mesmo tempo, bastante exigente, quer nos mostrar que Jesus considera mais, aqueles que fazem o bem. Para Jesus e também para a religião, ser bom é muito necessário, mas não é o suficiente. O cristão, muito mais do quer ser alguém que se considere bom é aquele que segue na vida a fazer o bem.

Alguns hagiógrafos, ao relatar a vida de santos, passam-nos a impressão de que não compreenderam essa parábola. Dão-nos a entender que seus biografados parecem estar mais preocupados em serem bons, do que em fazer o bem. Ser santo é colocar-se em prontidão, fazendo-se disponível para construir o Reino de Deus. Esse, nada mais é do que a instalação e a manutenção do Bem no mundo.

Duas profissões desprezadas, dois tipos de gente da pior qualidade naquela sociedade: as prostitutas e os cobradores de impostos (publicanos). Vem Jesus e nos desconcerta, ao apresentá-los como aqueles que nos precederão no Reino dos céus. Não porque estejam fazendo a coisa certa, longe disto, mas porque têm o coração mais livre e por isto estão mais abertos para ouvir a Palavra e se converterem para fazer o bem.

É significativo reparar que Mateus, o único evangelista a nos contar essa historinha, havia sido no passado um publicano, além do que entre as seguidoras de Jesus existiam mulheres excluídas e, dentre essas, com certeza, que prostitutas. 

Vejamos que ao dizer assim Jesus está sinalizando que somos nós, aqueles que vivemos na Igreja, os que estão mais necessitados de mudança. A conversão de quem está na Igreja, mais do que um câmbio de aparências, irá passar necessariamente pela transformação do coração. É preciso mudar o modo de proceder e esse movimento se dá de dentro para fora. Passar do mero e correto atendimento à Lei, para o seguimento de Jesus na liberdade do Amor.

Pistas para reflexão durante a semana:

- Busco ser bom, ou vou além em busca de fazer o bem?

- A vida sacramental e de oração me leva em direção ao pobre e desprezado?

- Meu coração necessita de que tipo de conversão?

26º Domingo do Tempo Comum Ano A 

1ª Leitura – 1ª Leitura - Ez 18,25-28
2ª Leitura – Fl 2,1-11n
Evangelho – Mt 21,28-32



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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 19/09/2011
Alterado em 27/09/2020


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