Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra - O Pai é bom e convida a todos para a sua festa.- 28º Domingo do Tempo Comum Ano A - 09-10-2011 – Mt 22,1-14

Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, dizendo: 'O Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho. E mandou os seus empregados para chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir. O rei mandou outros empregados, dizendo: `Dizei aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!' Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para o seu campo, outro para os seus negócios, outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram. O rei ficou indignado e mandou suas tropas para matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. Em seguida, o rei disse aos empregados: `A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. Portanto, ide até às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes.' Então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados. Quando o rei entrou para ver os convidados, observou ali um homem que não estava usando traje de festa e perguntou-lhe: `Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?' Mas o homem nada respondeu. Então o rei disse aos que serviam: `Amarrai os pés e as mãos desse homem e jogai-o fora, na escuridão! Ali haverá choro e ranger de dentes’. Porque muitos são chamados, e poucos são os escolhidos.”' (Mt 22, 1-14 )

O filhote do leão era já adulto. Chegara a hora dele se casar. O rei das selvas preparou grande festa para celebrar as bodas. Os maiores animais da floresta estavam convidados. No dia do casamento seu leão e dona leoa foram à frente do castelo receber os convidados. Ninguém veio. Onças, ursos e águias alegaram caçadas já programadas, macacos, tamanduás e araras justificaram-se dizendo ter trabalhos emergenciais para consertar estragos da última chuva. Devido à moleza gerada pelo calor os quatis, antas, capivaras, gaviões e obviamente o bicho preguiça, arranjaram variadas desculpas. Chateado seu leão mandou os empregados chamarem os pequenos. Que vestissem a melhor roupa e se alegrassem com ele. É assim que até hoje milhões e milhões de formigas, cigarras, abelhas, micos, canários, preás e tantos outros bichos alegram-se, vivendo em paz e harmonia numa festa que só teve começo e nunca terá fim.

Estamos neste domingo diante de mais uma parábola que mostra o não acolhimento, por parte daqueles que são chamados ao Reino, da proposta de felicidade que nos é feita. Para compreender e senti-la na sua estrutura mais profunda, é necessário imaginarmos dois círculos concêntricos. O primeiro deles é pequeno e tem dentro todas aquelas pessoas, a começar dos sacerdotes e anciãos do povo, a quem Jesus se dirigia diretamente. O segundo círculo é imenso. Abrange toda a história e dentro estamos nós, homens e mulheres de todos os tempos somos convidados a estar também presentes, a estar juntos.

Na roda menor, aquela que contempla os destinatários diretos da parábola, temos os primeiros convidados à vida plena de Deus. Nela está o povo da Bíblia, os judeus. Gente que mesmo tendo sido chamada e vivido longo “curso de introdução à salvação”, narrado no Antigo Testamento, não acolheu o Filho. No cinturão externo, esse no qual dois mil anos depois nós nos encontramos, estão os povos que vão sendo convidados para a festa, mesmo sem haver participado daquela extensa preparação acontecida com os primeiros chamados, o povo hebreu.

Nós, os seres humanos somos exigentes demais e não costumamos dar muitas chances às pessoas. Deus, ao contrário de nós, não chama uma vez só. Ele é imensamente bom e por isto podemos vê-lo como eterno convite a nos oferecer variadas oportunidades. Mas, diferentemente daqueles convites do primeiro anel, feitos diretamente por Jesus, os chamados atuais requerem cuidado e atenção para percebê-lo convidando. Observemos como é complexa a natureza humana: mesmo os convites feitos ao primeiro círculo, diretamente pelo Senhor, a grande maioria foram negados.

Como na vida, também as oportunidades perdidas por não escutar o convite de Jesus não costumam retornar. Os sinais de Deus podem até acontecer através de grandes fatos da vida, mas é bem mais provável que estejam ocorrendo nas pequenas coisas do cotidiano. Deus gosta de se apresentar nos detalhes e porque costumamos esperá-lo nos eventos de pompa e circunstancia, é possível que tenhamos perdido lindas oportunidades de nos aproximarmos dele.

As chances, mesmo sendo bem variadas, tem nelas a limitação do tempo da existência de cada um. Sim, a vida passa e é veloz. Um dia iremos embora do mundo e quando chegar essa hora os convites terão perdido a validade. Daí que é preciso acolher logo o chamado para a festa eterna. Afinal não sabemos se haverá outra oportunidade. De maneira alguma somos donos do amanhã. Somos seres frágeis e vulneráveis.

É muito consolador observar que na festa do Senhor somente um não vestia a roupa correta. Que bom sentir que Deus nos considera muito melhores que costumamos nos ver. Esse que não tem o traje nupcial é aquele que se nega a entrar no clima da celebração. Ensimesmado no seu egoísmo ele se veste não para a festa, mas para mostrar que se considera um ser autônomo e independente. Senhor de si mesmo, ele  nega o senhorio daquele que é princípio e fundamento de tudo.

É por causa disto que acaba fora e aqui vale observar também que Deus não é assim, alguém que expulsa de sua presença um filho. Mateus usa palavras duras porque essa é a forma que os judeus tinham de se expressar conforme sentiam ser Deus. Olhando Jesus – “quem me vê, vê o Pai” – sabemos que Deus é todo bom e não exclui ninguém. O fogo e o ranger de dentes é possibilidade concreta como oposição à bondade absoluta do Pai. Mas esta, entendamos bem isto, é escolha pessoal e definitiva daquele que ensimesmado se nega, absolutamente, a se ver criatura dependente da salvação que chega através do Amor.


Pistas para reflexão durante a semana:

- Estou atento às oportunidades que Deus oferece para que me aproxime dele?

- Sinto-me convidado para a grande festa do Senhor?

- Como está a minha “roupa da festa”?


1ª Leitura – Is. 25, 6-10a
2ª Leitura – Fl 4, 12-14. 19-20


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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 03/10/2011
Alterado em 09/10/2020


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