Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra - Finados e Todos os Santos. 

Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, e Jesus começou a ensiná-los: «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. Felizes os aflitos, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque possuirão a terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês. (Mt 5,1-12)

A menina estava sempre triste. Não gostava dos recreios na escola, pois era o momento em que os colegas riam dela, do seu jeito de ser e também da gaguez. Em casa sentia-se solitária. Não conhecia o pai e a mãe o pouco tempo que tinha, gastava-o mais com o namorado do que com ela. Na porta da Igreja notou o cartaz convidando para a catequese. Resolveu ir e lá ouviu algo que fez toda a diferença. Não importava mais que sua mãe fosse ausente ou que os meninos a zoassem. Sabia que era filha amada de Deus, uma pequena santa do Pai. Que lhe importava então o resto? .

Na festa de todos os santos que comemoramos no próximo domingo, é necessário nos darmos conta das três dimensões místicas de Igreja. Celebramos o passado com todos aqueles que já participam da glória do Pai, os que a viverão no futuro e principalmente os santos de hoje em dia. Nesses comentários quero enfatizar os santos atuais. Os santos de hoje são aqueles que buscam seguir Jesus e fazer o bem. Como esse é o nosso propósito, santos somos todos nós, ou pensamos que é por acaso que Paulo nomeia santos, em vários momentos de suas cartas, os cristãos das comunidades que ia criando?

Deus se faz homem para que caminhemos para a santidade. Ser santo tem o significado de ser de Deus. Somos dele, seus filhos queridos e aí faz todo sentido quando se diz que “filho de peixe, peixinho é”. No sentido estrito do termo só Deus é verdadeiramente Santo. Por isto em cada Eucaristia proclamamos, três vezes, que “santo é o Senhor”.

A nossa santidade é como o cascalho rico no qual há muitas pedras preciosas. Não será por haver entulho misturado que se jogará fora a riqueza nela contida. Considerar nossa vocação para a santidade é ir retirando de junto dos brilhantes as pedras que nada valem.

Deus saberá tirar de tudo que somos e fizermos, mesmo que tenha havido muita pedra ruim em meio aos diamantes, só coisas boas. Deus é Amor e este é um reciclador poderosíssimo que nos salva de todo mal que vivemos ou praticamos. Da existência humana que pareceu apagada Ele esmerilhará as pedras brutas para que brilhem iluminando a nossa eternidade.

A santidade é presente divino à pessoa humana. Por isto ela só pode se dar em meio à vida. Santidade desencarnada é falsa, eis que ela se dá na concretude da vida considerando as suas dificuldades, tropeços, retrocessos e avanços.

Santidade de forma alguma é carolice, ou a alienação medrosa provocadora de fuga do mundo. Ser santo é ter postura ativa enfrentando a realidade e vendo em cada detalhe dela Deus agindo. É confiar que Deus é Deus e que em nós, como em Maria, Ele pode fazer maravilhas. Ser santo enfim é saber-se totalmente amado pelo Abba.

É ter adquirido a consciência de se ser sonho maravilhoso do Pai. Alguém originalmente todo luminoso e que tem guardadas em si as tantas potencialidades da criação, bastando se entregar a Ele para que se realizem.

O Evangelho de Mateus apresenta-nos uma espécie de mapa da santidade. Nele estão marcados alguns caminhos privilegiados para os santos. A esse mapa damos o nome de Bem Aventuranças. Sem dúvida que é um quadro surpreendente, pois trata como ventura aspectos que designamos como desventurados.

Imaginem se num programa de entrevistas da televisão os apresentadores perguntassem aos convidados quem são os bem-aventurados na vida? Quase certamente iriam dar exemplos de gente rica, bonita, de sucesso e inteligente. Povo muito diferente desse que Jesus põe no mapa.

O mundo precisa de modelos. Por isto a Igreja nos oferece alguns homens e mulheres que estão já na festa infinita dos Céus, como exemplos. A grande maioria viveu realidades distantes das atuais o que torna difícil vê-los dessa forma. Por isto torna-se necessária a busca dos santos de hoje. Gente como a gente a nos dar exemplos notáveis de resposta à ação de Deus nelas.

Que não se fique nos famosos, como uma Madre Teresa, Irmã Dulce, ou os bispos Luciano e Helder. Temos olhos muito focados no erro e no mal. Esse defeito faz com que se deixe de reparar muitos santos anônimos sem que os sintamos como modelos a serem adotados.

Que saibamos tirar das bem-aventuranças o que nos é necessário para o caminho de santidade. E nessa estrada está sempre o compromisso com o pobre.  Não é por acaso que a primeira a ser citada por Jesus: “Bem aventurados os pobres de espírito porque deles é o Reino dos Céus”.

Há uma leitura confortável dessa bem aventurança que pouco tem ajudado a práxis da Igreja em relação aos desfavorecidos. Primeiramente que Jesus não diz que a pobreza é bem-aventurada, mas sim o pobre, ou dizendo melhor, o empobrecido.

Um segundo aspecto a se levar em consideração trata da questão do “espírito”. Por aí não é difícil de se encontrar a expressão “pobre de espírito” sendo compreendida como aquele que possui o coração pobre e aberto. É necessário que a contemplemos de uma maneira diferente: Não estaria Jesus querendo falar, na sua linguagem semita, que o pobre é tão pobre que até o ar (ruhar = espírito) comum a todos lhe está faltando?

Pistas para reflexão durante a semana:

- Sinto-me chamado a santidade? Caminho para ela?

- Que santos(gente com quem convivi ou ainda convivo) identifico na minha vida?

- Que moções as bem-aventuranças me provocam?


1ª Leitura – Ap 7,2-4,9-14
2ª Leitura – 1Jo 3, 1-3


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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 31/10/2011
Alterado em 01/11/2014


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