Apesar de ser feliz no casamento e sentir-me amada, as "escapadinhas" do meu marido doem-me no mais profundo da alma. Preciso de ajuda.
Querida Regina,
Paz!
Você me conta ser feliz no longo casamento de mais de trinta anos. Apesar da felicidade, relata-me que sofre muito e tem a alma machucada por causa das “escapadinhas” do seu marido. Quando isto acontece vocês conversam sério e ele sempre lhe convence, dizendo não conseguir ficar distante de você e do tanto que a ama.
Amar pressupõe fidelidade. A serem fiéis um ao outro vocês se comprometeram, diante de Deus e da comunidade, quando há tanto tempo atrás se casaram. Este é o primeiro ponto que gostaria de trazer para a sua reflexão. Amar exige exclusividade e a traição nada mais é do que a quebra de um compromisso muito sério assumido por vocês dois um dia.
Mas o Amor tem também como outra sua grande característica o perdão. Quem ama precisa estar aberto a perdoar ao outro. O perdão é algo mais que humano e é muito bonito ver que você o tem vivido nesses momentos de dor. Um dia perguntaram para Jesus quantas vezes se devia perdoar. A resposta dele é maravilhosa. Ele disse que não há limites para o perdão. É preciso perdoar sempre.
Vemo-nos então, querida amiga, entre esses dois polos. De um lado a necessidade da manutenção da fidelidade e do outro o convite que Deus sempre nos faz para perdoarmos. É em meio a este pêndulo que você deverá decidir como caminhar para o futuro. A partir da fidelidade e do perdão quero lhe trazer cinco pontos para que, mais que refletir, possa rezar sobre eles na busca de sentir com clareza para aonde Deus quer conduzir os seus caminhos:
1 – Seu tempo de casamento. Há mais de trinta anos estão juntos e isto é uma grande vitória dos dois. Não se pode jogar fora simplesmente, por causa de algum ato impensado, uma relação tão duradoura. Ainda mais que dela há frutos muito belos com certeza. O casamento não se restringe mais somente a vocês dois. Antes de se tomar alguma decisão mais definitiva é preciso rezar bastante.
2 – O mundo atual não ajuda, definitivamente, a fidelidade do casal. Infelizmente vivemos num mundo de permissividade onde parece que a fidelidade passou a ser, ao invés da regra básica do Amor, uma mera exceção. Claro que não quero com isto justificar as escapadelas do seu marido. O que acho que precisa refletir é sobre o ambiente no qual estão vivendo e se, de alguma forma, a vida que levam não terminam por facilitar tal coisa.
3 – Os casais hoje, pela vida agitada que se leva, acabam ficando distantes um do outro. Criam espaços bem próprios nos quais o outro termina não entrando. Aqui cabe a você também refletir, minha amiga, até que ponto você não esteja deixando espaços, para que na relação de Amor de vocês dois apareça uma terceira pessoa? É hora de estarem mais juntos. Resgatarem coisas que faziam no passado e que lhes dava prazer. Namorar mais e até reavaliar a vida sexual que estão levando. Preencha mais os espaços vazios que podem ter surgido ao longo do tempo na vida de casados de vocês dois. Resgatem sonhos do passado. Pode até ser que eles foram guardados exatamente para este tempo de maturidade no qual estão imersos agora.
4 – Busquem juntos um aprofundamento na vida espiritual. Convide-o a frequentar com você os grupos de casais, busque amigos que vivam e sintam como você e que valorizem a fidelidade e a família. Invistam mais na comunidade. Reze mais, rezem juntos. Ensine-o a rezar. Neste tempo em que os filhos já estão criados pode ser que haja espaço para se doarem mais aos outros. Arrumem algo que possam realizar e que os faça sentir alegria de se doarem e estarem mais juntos.
5 – Você inicia seu e-mail dizendo-me serem felizes. Infelizmente, não são muitos os casais que chegam a este tempo de relacionamento e podem dizer o mesmo que você me conta. São felizes e isto é tremendo. Precisa refletir mais sobre isto. Aliás, vocês dois precisam juntos agradecer a Deus por esta vitória que, com toda certeza, demandou muitos esforços de ambos. Por fim, lembre-se sempre de que Deus não está lá atrás no passado, mas à sua frente (e na do seu esposo) convidando vocês a seguirem adiante.
Daqui de longe rezo e torço por vocês,
O meu abraço fraterno,
Fernando.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 08/02/2012