O alcoolismo e o casamento.
Querida Flávia,
Paz!
Você me escreve angustiada contando da pressão que vem recebendo por causa da sua separação. Ela foi causada pelas atitudes de violência do seu marido quando alcoolizado. Ele lhe tem pedido para voltar. Ao mesmo tempo sua família lhe sugere enfaticamente não aceitá-lo de volta sem que tenha tomado a atitude firme de se tratar.
Daqui distante posso sentir o tamanho da sua dor e a consequente dúvida sobre o caminho a ser tomado. Quando a gente ama busca estar juntos e para que isto ocorra casamos. Ao celebrar o matrimônio assumimos um ao outro com todas as suas riquezas e também dificuldades. Aí reside um lindo mistério de Deus e o que precisamos fazer é contemplá-lo em toda a sua grandeza e beleza.
Mas as coisas não são assim tão simples. Chegará a hora em que se terá problemas. Aliás há que se saber uma coisa. Não existe casamento sem desafios a serem suplantados. Afinal a vida é feita da superação das dificuldades, não é mesmo?
Só que aqui será importante refletir sobre outro ponto. Também não existe casamento sem respeito e cuidado com o parceiro e a violência é algo terrível. Ela fere a dignidade humana e por isto não pode ser aceita assim simplesmente. Ela é capaz de destruir em um só momento tudo o que de mais bonito haja sido lenta e cuidadosamente construído.
Um grande causador dessa tragédia é a bebida. Hoje se sabe que o alcoolismo é uma doença. É preciso que você tome consciência disto. O alcoólico sofre de uma moléstia que necessita ser tratada.
E aí é importante que também saiba que, definitivamente, o cônjuge é incapaz de curar seu parceiro sofredor. O tratamento de alcoolismo necessita cuidados que você é incapaz de fornecer. Ele precisa buscar ajuda e você deve exigir isto.
Quando um dos dois sofre deste mal é fácil de vermos a manutenção das relações com o casal se iludindo. Ou seja, vão seguindo a vida como se tudo estivesse bem. É o que se chama de codependência, ou seja, o casamento deixa de ser sadio e a doença de um acaba passando, de alguma maneira, para o outro. Não que você vá começar a beber, mas passa a achar que é natural o que está vivendo. Mesmo com toda a violência aí implícita (ou mesmo explícita).
Há três pontos importantes para a sua reflexão nesta hora:
1 – Alcoolismo é doença e você, para aceitar novamente seu marido em casa, precisa exigir que ele se cuide. Ou seja, faça um tratamento sério para a sua moléstia. Neste caso recomendo que busque ajuda nos Alcoólicos Anônimos - AA. É, sem dúvida, o meio mais eficaz para se tratar da bebida. Os familiares (no caso você) podem buscar junto aos AA os ALANON que são grupos formados pelas famílias dos doentes.
2 – Não se afaste da sua família. Ela é fundamental para te apoiar nesta hora, mas tenha cuidado também para não se tornar uma refém dela. Escute-a e reflita junto com eles. Nessas horas ter a opinião de pessoas que estão enxergando a situação de fora pode ser de grande ajuda. Ficar longe da família poderá ser gerador de outros tipos de problema.
3 – Por último e mais importante, reze. Ore muito, reze sempre. Sem Jesus nada podemos fazer. Confie-se e ao seu marido às mãos de Deus. Mas tome cuidado para não achar que a oração tudo resolverá fácil e automaticamente. Reze se entregando na confiança de que tudo depende da graça de Deus e ao mesmo tempo é fundamental que trabalhe duro, como se tudo só dependesse do seu esforço.
Daqui fico rezando para que seu marido supere a doença e vocês voltem a viver em família sendo muito felizes, receba o meu abraço,
Fernando.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 26/02/2012