Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Querida Laila,

Paz!

Chega-me através deste seu email uma pergunta interessante, pela qual lhe agradeço, eis que poderá também ajudar a outras pessoas que vivem esse mesmo dilema. Trata-se de algo bem mais simples do que a princípio possa parecer, mas mesmo assim, acaba afligindo muita gente por ai. Pergunta-me sobre o lugar da missão e da família na sua vida, como se fossem, a priori, conflitantes.

1 - É preciso reformular esta questão colocando-a de outra forma. Na verdade Deus não quer que optando pela família a missão seja abandonada e menos ainda que as famílias sejam largadas de lado, por aqueles que fizeram sua opção fundamental de vida pela dedicação às coisas do Reino. Vejamos então, sob novo ângulo, o problema que você me traz:

2 – Experimente colocar a questão não em termos de um ou outro, mas de um e outro. Sim, quem sabe, ao invés de definir como em campos opostos a família e a missão, não seria melhor pensá-las integrando estas que são as duas faces de uma mesma moeda? Bem poderá ser este o caminho que o Senhor está a lhe indicar.

3 – Mas há outros aspectos que precisamos definir melhor. Quando você me fala de família, não fica claro se está tratando da família na qual nasceu e vive, se a referência é a família que quer constituir num futuro próximo ou distante, ou mesmo se a família a qual se refere é constituída pelo povo de Deus? Veja que essas são três realidades bem distintas e que por isto requerem abordagens diferentes. Tentarei tratar um pouco de cada uma delas a seguir.

4 - Imaginando ser você solteira, poderá estar diante de uma encruzilhada a lhe indicar duas trilhas bonitas e chamativas. Seguir pela primeira significará deixar pai e mãe para constituir e se dedicar totalmente ao próprio núcleo familiar. Caminhar pela outra senda, terá o sentido de assumir como sua uma família muito maior: A família dos filhos de Deus.

5 - Veja que em nenhuma das duas opções lhe é colocada a questão do “abandono familiar”. Nos dois casos você terá que deixar, como se diz na Bíblia, “pai e mãe”. Repare também que se optar pela família universal do Senhor, nela estará fazendo parte a sua família de sangue. Veja também que nos dois casos continuara valendo mais que o "ou", a sabedoria e riqueza do "e".

6 – Quem sabe a sua questão não seria outra. A sua pergunta nos dá a liberdade de imaginar também que você tem família constituída e está sentindo dificuldades em conciliar as obrigações familiares com a missão, como batizada, para o Reino. Sendo este o caso, é preciso que sinta a sua família como a missão primordial ao qual está sendo chamada por Deus. Não é por acaso que você assumiu esta missão de mãe e esposa através de um sacramento.

7 – Deus nos cria para o mais e costuma chegar um momento no qual nos damos conta de que permanecer apenas no ambiente doméstico é pouco e mesmo medíocre. Nessa hora nos vem as perguntas que todo cristão se faz um dia: “Que fiz, que faço e que farei pelo Cristo?” De repente se começa a notar que além da missão primeira, há vários serviços que se integram a ela e que lhe chamam para os exercerem. A tomada de consciência de que o Amor de Deus é tão grande e que Ele nos dá tanto, leva-nos a ansiar por mais.

8 - Aí é possível que encontre dificuldades. De repente, poderá acontecer de que as pessoas amadas estão tão acostumadas com a sua presença diuturna ao lado deles que, caso não participem dessa mesma dinâmica do Batismo, poderão lhe fazer cobranças.

9 - Será preciso primeiramente que discirna se não está deixando de lado alguma tarefa ou cuidado familiar (sua missão básica). Caso não esteja precisará mostrar a eles que necessita, para a sua completa realização, não somente como cristã, mas mesmo humana, servir mais aos seus irmãos. Isto poderá levar algum tempo. Seja perseverante e não desista. Reforce a oração pedindo ao Senhor dono da família e da missão que lhe dê forças e coragem. Chegará a hora em que compreenderão e respeitarão seu intento missionário e quem sabe até a ajudarão no que estará fazendo.

10 – Todos nós temos uma grande vocação na vida: somos chamados à felicidade eterna como filhos amados de Deus. À maneira como cada um irá cumprir essa vocação, se dá o nome de missão. Fazendo um resumo disto tudo, poderia lhe dizer que deverá buscar sempre a complementaridade da missão com a vida familiar.


A partir do que me escreve e na falta de maiores dados, é o que sinto que o Senhor me impele a lhe dizer. Caso queira escrever de novo, com mais detalhes, poderemos continuar esta conversa virtual. Aproveito para lhe enviar o link com os meus comentários para o Evangelho do próximo domingo, quando celebraremos Pentecostes. Eles estão em: http://www.fernandocyrino.com/visualizar.php?idt=3679203

Abraços contando com as suas orações,

Fernando.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 23/05/2012


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