Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Será que a minha vida não tem mesmo nenhum sentido?

Querida Márcia,
Paz!

Há alguns momentos na vida nos quais a gente não consegue enxergar nada adiante. Parece que caímos num buraco profundo e enlameado. Nele, aflitos, sentimo-nos angustiados e sem direção. Por isto, ao invés de procurar subir pelas paredes úmidas, continuamos a cavar, pondo-nos, insanamente, mais ainda longe da realidade.

É assim a existência. Cheia de altos e baixos. Ninguém, por mais que pareça não ter problemas, se encontra imunes a eles. A crise chega em algum momento para todos. É possível que venha como tsunami avassalador e aí tudo parece ter perdido seu sentido. Não é raro que nessa hora nos chegue o desejo de abandonar tudo.

Quedar-se paralisado na angustia por não ver nenhum ponto de luz lá no alto do abismo. A esses sentimentos que nos invadem durante os tempos complicados da crise, damos o nome de desolação. É como se estivéssemos sem solo sobre os pés e chega-nos daí a sensação terrível do buraco negro.

Tudo se torna absurdo no meio da grande crise. Para nós, os cristãos, se põe então, de uma forma bem assertiva uma questão fundamental: Vamos considerar o absurdo como vencedor na nossa vida, ou continuaremos a buscar um sentido maior naquilo que só parece escuridão? Cabe aí, nessa hora de desesperos, se fazer a pergunta: o que Deus quer nos dizer com isto que me está acontecendo?

A resposta cristã não nos deixa presos lá embaixo presos dentro do buraco. É preciso que saibamos que em tudo há dois sentidos. Um que nos leva para o alto, o bem maior, a realização em nossas vidas, e um segundo a nos carregar para a espiral da morte na qual reside o absurdo.

A resposta do cristão é sempre no sentido do mais, do caminho positivo em relação àquilo que inicialmente parece ser totalmente desprovido dele. Para melhor compreender isto, vejamos os acontecimentos como se estivessem postos em uma linha. Nela há duas direções. Uma positiva e que nos faz crescer e a outra negativa e que nos prende ao chão. A nossa fé impele-nos a seguir para adiante: desenvolver-se sempre.

Daí que o convite que lhe faço é no sentido de manter-se firme na escalada da sua vida. Aí você vem e me pergunta: “Mas como fazer isto se me sinto tão perdida e sem esperança?” Não é simples amiga, você manterá a subida caso se mantenha junto de Deus. Por conta disto lhe deixo aqui três pontos para que reflita o que significa esse permanecer na presença do Senhor:

1 – Na hora da desolação é comum que nos chegue a tentação de fazer mudanças nos nossos propósitos de vida. Definitivamente que não devemos mudá-los nesta hora. É o tempo de se permanecer firmes naquilo que na hora consoladora (com solo) discernimos como importante para a nossa existência. Em tempos desolados não se muda propósitos.

2 – Caminhe junto com sua comunidade. Não fique sozinha nesta hora. Permanecermos cerrados nessa hora de desolação é uma terrível tentação que nos costuma acometer. Abra-se para os outros. Busque as pessoas que como você tem fé e caminhe com elas. Poderá bem ser que dará novo sentido à sua vida buscar realizar algo por gente que seja totalmente incapaz de lhe agradecer por aquilo que lhes faça. Algum trabalho voluntário junto aos mais pobres entre os pobres de Deus, por exemplo. Com eles você tomará consciência do quanto há questões e problemas muito maiores desses que está vivendo.

3 – Reforce a sua vida de oração. Acaso reze meia hora por dia, acorde mais cedo e reze uma hora. Esteja mais junto do Senhor. Ele a conhece profundamente e sabe das suas dificuldades. Mais ainda, Ele sofre com a sua dor e angústia. Ponha-se no colo dele. Converse com o Pai sobre tudo isto que está sentindo. Com toda abertura de coração peça-lhe luzes para a caminhada.

Por fim, amiga, tenha muita coragem. Peça a Deus muito ânimo e generosidade nessa travessia da sua noite escura. Busque segurar firme a sua mão. Um grande abraço do seu amigo no Senhor,

Fernando.

Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 24/08/2012


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras