O Batismo nos lança rumo à vida plena - Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra – Ano C – Batismo do Senhor
O povo estava expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”. Quando todo o povo estava sendo batizado, Jesus também recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível, como pomba. E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer”.
Quando um amigo passou por séria cirurgia cardíaca estava sem a camisa e então pude ver a plaquinha que, junto à cruz, trazia ao peito. Nela, mostrou-me, havia as datas óbvias que guardamos. Só que uma me chamou a atenção e lhe perguntei: “O que aconteceu neste dia?” A resposta veio rápida. “É a data do meu batismo e a deixo aí para que nunca me esqueça dela”.
Encerra-se o ciclo do Natal e já iremos entrar no Tempo Comum Litúrgico. Nesse próximo domingo Lucas nos apresentará o Batismo de Jesus. É tempo de transição que nos convida ao crescimento. É como se déssemos um salto desde a manjedoura, daquela gruta de Belém, até às margens do Rio Jordão.
Por lá não encontraremos mais o Pequeno Menino adorado, mas um homem bem adulto. Jesus, consciente da sua missão a irá assumir. Dá-nos um sinal claríssimo desse propósito, ao se deixar batizar por João Batista.
Fato semelhante, com toda certeza não no Jordão, ou num outro rio, mas em volta da pia batismal, foi vivido por cada um de nós um dia. A grande maioria ainda em idade bem tenra, o que faz com que não haja memória do que tenha acontecido. Nossos pais e padrinhos, dada à inconsciência daquilo que em nós se processava, assumiram então, por cada um de nós, a fé.
Fazer-se batizado tem consequências. Não se passa simplesmente pelo Jordão, ou pela pia batismal e tudo permanece como dantes. Ser batizado é responder à Trindade que nos assume “cristificando-nos”. Torno-me discípulo missionário daquele que vem morar no meu coração. Não há batismo verdadeiro sem que a vida se faça outra, se transfigure.
Trata-se de algo muito grande. E isto, mesmo no caso em que o batizado seja um simples bebê dorminhoco, incapaz de se dar conta de algo à sua volta precisa ter algum preparo pelo menos. Bem por conta disto causa-me incômodo ver gente adulta e batizada, a reclamar das exigências de preparação para o batismo dos seus filhos ou afilhados.
Nessa hora dá vontade de lhes mostrar esse texto do Evangelho. Nele há algo que pode parecer detalhe, mas que é muito importante para compreendermos a profundidade do Batismo. Jesus não chega ao Jordão e de pronto salta na água. Ele vive sua preparação e nessa preparação há um detalhe bem significativo no texto.
Ele rezava, conta-nos o evangelista. Em seguida, Lucas nos apresenta a prova da oração, ao afirmar que “os céus se abriram”. Não dá para se ser batizado, criança ou adulto, sem que se tenha uma preparação senão do batizado, quando criança, dos padrinhos e seus pais. E neste cuidado para a hora do batismo é fundamental que se vivencie clima de oração.
O Batismo não se dá em nosso nome, ou no da sociedade. Muito menos no do padre, pais ou padrinhos. Ele ocorre em nome da Trindade Santa. Somos batizados “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Portanto, no nosso batismo também houve, isto é óbvio, a abertura dos céus.
No caso de Jesus já adulto, Ele mesmo orava. No nosso caso, como em grande maioria, ainda éramos bebê, outros se prepararam para aquela cena que transformou a nossa vida. Tinha gente que orava por nós.
Desde sempre somos, independentes do Batismo, filhos amados do Pai. Como seres bastante simbólicos que somos, temos a necessidade de confirmar essas realidades patentes do mistério de Deus. O Batismo e os demais sacramentos suprem esse anseio constante da condição humana.
Pelo batismo se toma consciência da participação no seio de uma humanidade frágil e pecadora. A água purificadora, que nos é simbolicamente despejada, é sinal a conduzir para muito além do banho, livrador de uma mancha de origem, o “defeito de fábrica”.
Mostra-nos que devemos ter cuidados com o futuro eis que, muito provavelmente, através das faltas que cometeremos, iremos deixar ainda mais intrincada a teia de pecados já existente no mundo quando da nossa entrada nele.
Mais que limpar sujeiras de um tempo e história da qual nem se estava presente, é preciso vivenciar o batismo como potente trampolim lançador à vida, à missão. E esta não se encontra no passado. Ela está a nos aguardar no amanhã. O Batismo é um chamado para que se viva plenamente a existência e esta só tem sentido completo quando ocorre em Deus.
Pistas para reflexão:
- O que sei do meu batismo? Como poderei saber mais dele?
- O que ele significa em minha vida?
- Como torná-lo mais dinâmico?
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