Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Ninho vazio. Quando é chegada a hora do filho ir embora.

Querido Marcelo,
paz!

Você me conta em seu email terem recrudescido os problemas com seus pais dentro de casa. Aqueles velhos dramas de quando era adolescente voltaram a atazanar o ambiente familiar. Daí que me pergunta se não teria chegado a hora de partir para uma vida independente.

Acho que sim, amigo. Você já terminou a faculdade, tem seu emprego, é adulto enfim. Pode bem ser que as confusões que me relata sejam sinais de que é hora de bater asas... Reflita seriamente sobre isto.

Esta é a roda da vida. Os filhos são criados para um dia irem embora. Caso permaneçam eternamente sob as asas dos pais alguma coisa errada terá acontecido em seu desenvolvimento.

É papel dos pais fazer com que os filhos partam assim que os sinta com as asas grandes e fortes. Só que eles têm muita dificuldade com isto. É comum que vejam suas crias sempre menores do que o são. Daí a começar a haver conflitos é mera questão de tempo.

Filhos não são feitos para ficar para sempre dentro do ninho. Chega uma hora em que não será mais possível haver crescimento, permanecendo dentro dele. É o momento da coragem. No qual se deve chegar à borda, mesmo que se sinta calafrios, experimentar as asas e alçar voo.

Os pais têm que ajudar os filhos a partir. E isto pode ser doloroso. Todo pai e mãe que já experimentou a síndrome do ninho vazio sabem dessa realidade. Por isto, e parece ser este o seu caso, precisará ajudá-los neste momento.

Os filhos são dados por Deus para que os pais os criem no Amor e esta pressupõe sempre a liberdade da partida. A menos que haja alguma excepcionalidade, a criação possui tempo definido. Assim que estiverem já adultos os filhos devem ser incentivados e ajudados a treinar o voo. Eles são criados não para serem como seus pais, mas para que se capacitem a voar ainda mais alto do que eles foram capazes.

Quando é passada a hora da partida e os filhos permanecem no ninho, este deixa de ser um lugar de carinho e cuidado e passa a ser prisão sufocante. O espaço se torna pequeno para todos e os conflitos passam a se dar constantemente.

As distâncias hoje não mais são como antigamente. Tudo se torna perto. Mesmo assim, partir não significa abandono. Ao contrário tem o sentido não mais da presença sufocante, mas da “ausência” afetuosa e de qualidade de se saberem responsáveis uns pelos outros. Essa responsabilidade pressupõe cuidados, atenção e carinho.

Receba o meu abraço fraterno e bom voo,
Fernando
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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 10/01/2013


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