Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Caro João Cláudio,
Paz!

Você me escreve angustiado com o término do namoro e com a dificuldade que sente em superar a perda. Pergunta-me o que fazer para sair fora desse buraco escuro no qual se sente metido.

Uma ferida não se cura de uma vez, amigo. Há que se tomar remédios, colocar nela as compressas, mantê-la protegida para que não infeccione. Isto significa viver seu luto. Ele faz parte da sua existência. Constitui-se na sua história de vida.

Da mesma maneira acontecem com os problemas. Não dá para se viver sem eles. Não existe no nosso painel vital a opção mágica de um botão, que ao ser apertado fará com que as crises, de imediato, desapareçam. Elas são parte constituinte da nossa realidade e graças a Deus que é assim.

Na verdade, uma vida sem desafios a serem superados seria chata, horrível. Mas crises não só são para serem vividas. Elas acontecem para que as enfrentemos e as superemos. Para esta luta Deus nos presenteou com a inteligência e a coragem.

Veja que somos seres de esperança. Estamos sempre sonhando com algo que nos faça mais completos, mais felizes enfim. Mas estes anseios, que se encontram à frente, não podem se prender às nuvens. Eles necessitam ter algum respaldo na realidade. Não dá para se querer algo que vemos seja impossível.

Agora parei de divagar e falo diretamente do seu caso. Não se pode obrigar alguém a nos querer e amar. O coração é espaço de infinita liberdade. Por causa disto ele é habitado por Deus.

Nesta hora, amigo, digo-lhe para tomar três cuidados. Quando vivemos esse tipo de crise costumam nos acossar tentações que só nos levarão e aos outros à infelicidade. Veja-as em seguida. Muito cuidado e atenção para com elas:

1 – Não ficar se martirizando e curtindo a dor da perda, como se o sofrimento fosse algo que precisasse ser acariciado a todo o momento. Há gente que parece sentir um certo prazer em curtir a dor que sente. Isto poderá fazer com que se viva uma espécie de masoquismo e este será causador de mais ilusão.

2 – Não fazer da sua perda uma espécie de “desafio da reconquista do amor ferido”. Como se necessitasse, por conta da rejeição, provar que é a pessoa mais adequada para ser amada pela pessoa que não lhe quer. Isto só servirá para alimentar seu ego e não o fará (e muito menos a ela) nem um pouco feliz. Isto nada mais é do que orgulho bobo.

3 – Colocar seu empenho e atenção lá atrás, prisioneiro do passado. Viva o presente e caminhe célere para o futuro. No passado permanecem as lembranças, boas para serem curtidas (agradeça a Deus pelos bons momentos que teve com ela) e não tão boas para serem aprendidas e não mais repetidas (meu Deus, como costumamos repetir as nossas histórias).


Reze mais, coloque-se nas mãos de Deus. Ele, que é Amor e misericórdia infinita e que, você bem o sabe, foi rejeitado por nós humanos, entende profundamente isto tudo que está sentindo.

Converse com Jesus e diga a Ele do seu sofrimento. Peça-lhe força e coragem para olhar para adiante e superar as dificuldades. Abraço-o e lhe digo que, desde aqui distante, fico também rezando e torcendo por você,
Fernando.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 16/01/2013


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