Manter ou não o casamento? Dúvidas de alguém sem clareza do caminho a ser seguido.
Querida Myriam,
Paz!
No seu email você me conta da sua dúvida. Após quinze anos de casada está sem saber se acaso deve manter o matrimônio, ou encerrá-lo de vez. Com certeza não me apresentaria tal questão se estivesse sentindo-se feliz com seu esposo. Ela se põe porque, de alguma forma, o seu amor está envolto em uma crise.
Há que se aprofundar sobre esta questão. É arriscado vivê-la só na superfície. Acontecerá como a água do lago que se encontra no alto e que aos primeiros raios de sol irá se evaporar. O problema parecerá ter sido solucionado, mas só foi adiado. Qualquer dia, como a chuva que cai forte, ele retornará ainda mais crescido e poderá ser que não mais haja como ser resolvido.
Por isto lhe digo ser bastante saudável que esteja procurando ajuda. Trago para você, em cinco pontos de reflexão, um roteiro para que possa ir mais fundo na questão - mergulhar no lago - para ver assim se valerá a pena seguir pelo caminho do casamento, ou se está, digamos que cada um por si, caminhando já sozinhos e sem que haja nenhuma expectativa de que as estradas possam se unir mais adiante.
1 – A crise precisa ser vista por nós como bem-vinda. Ela é sempre bela oportunidade de crescimento. Faz-nos olhar para trás e ver em que podemos ter sido descuidados. Em que não temos prestado atenção na caminhada e que agora gera-nos problemas. Mas cuidado. A crise também pode ser mortal. Mal tratada ela chega até a matar.
2 – O Amor é planta frágil e delicada. Necessita ser constantemente cuidada. Verifique de que cuidados seu casamento necessita. Quais adubos, se mais ou menos sol, água fresca, acaso seja preciso afofar a terra...? Pode bem ser que como a plantinha, que quando vista de fora, nos pareça morta, haja ainda um hálito de vida escondida nela. Havendo nem que seja um fiapo de Amor, sempre valerá a pena arriscar-se com vistas a um resgate.
3 – Da mesma maneira que há academias para se exercitar o corpo, o Amor é casa para que se exercite o afeto e o perdão. É fundamental que se perdoe sempre e se demonstre afeto pelo outro. Mais além de perdoar o outro é necessário primeiro que nos perdoemos e nos aceitemos dentro das nossas limitações e fraquezas. Não somos super-heróis. Somos simples seres humanos.
4 – Mantenha sempre o respeito. É muito difícil segurar o casamento quando ele falta. Cuidado com as agressões. Muitas vezes podemos falar, ou fazer coisas que machucam profundamente. Amor não combina jamais com nenhum tipo de violência. Respeite sempre, porque assim poderá exigir (e este é um seu direito inalienável) ser também respeitada.
5 – Converse sobre a crise com seu esposo. Escolha um bom momento para tal. Não trate disto em meio a uma discussão. Exponha a sua dúvida e veja com ele como poderão reconstruir aquilo que tenha se deteriorado. Fale, mas também escute. Faça isto não com os ouvidos, mas com o coração. Veja em que possa ter errado. Em quais coisas poderá ceder, lembrando-se sempre que não se cede em valores.
Por fim, amiga, coloque o seu casamento nas mãos de Deus. Reze (se possível, além de rezar para ele, reze com ele), agradeça a Ele por tudo que tiveram de bom nesses anos todos de vida em comum, pelos filhos, pelas alegrias e prazeres que curtiram... É comum que em meio às crises agudas, nos esqueçamos de muita coisa bonita que foi vivida. Terminamos nos fixando somente naquilo que é negativo.
Receba o meu abraço fraterno. Daqui rezo e torço para que haja condições de manter seu casamento,
Fernando.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 17/01/2013