Os sapatos do papa
Contemplo os sapatos do papa e fico
imaginando aonde terão ido.
Por onde pisaram?
Caminharam até o povo, até os pobres.
Subiram favelas de Buenos Aires.
Levaram consolo, alegria, paz, bênçãos.
Escorregaram no barro, amassaram cocô.
Contemplo os sapatos do papa e os vejo limpos.
Gosto de imaginar que ele mesmo os tenha lustrado.
Estão tortos, quem sabe cansados por acharem
que ia chegando a hora de descansar.
Contemplo os sapatos do papa e lhes peço.
Não se deixem pintar de vermelho.
Não se acomodem em salas atapetadas.
Corram quando quiserem prendê-los
nesses salões dourados.
Vocês são as asas de Francisco.