Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


O Senhor ressuscitou. Ele vive, aleluia! - Liturgia da Missa – Reflexões para a Mesa da Palavra – Ano C – Vigília Pascal 

No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo de Jesus, levando os perfumes que haviam preparado. Elas encontraram a pedra do túmulo removida. Mas, ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus e ficaram sem saber o que estava acontecendo. Nisso, dois homens com roupas brilhantes pararam perto delas. Tomadas de medo, elas olhavam para o chão, mas os dois homens disseram: “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos do que ele vos falou, quando ainda estava na Galileia: ‘O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores, ser crucificado e ressuscitar ao terceiro dia’”. Então as mulheres se lembraram das palavras de Jesus. Voltaram do túmulo e anunciaram tudo isso aos Onze e a todos os outros. Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. Também as outras mulheres que estavam com elas contaram essas coisas aos apóstolos. Mas eles acharam que tudo isso era desvario, e não acreditaram. Pedro, no entanto, levantou-se e correu ao túmulo. Olhou para dentro e viu apenas os lençóis. Então voltou para casa, admirado com o que havia acontecido. Lc 24, 1-12

Um pequeno meteoro mergulha nas águas calmas do imenso lago. Gera ondas que se ampliam, galopando em direção às invisíveis margens. Quando enfim começam a perder força se diluindo, nova pedra despenca do céu e outras ondas nascem. E este ciclo se torna contínuo. Só cessarão, os meteoros e as ondas, quando todos forem tudo em Deus.

Vivemos a festa da alegria. Não dessa comum que nos faz dar risadas de tudo, até que passado algum tempo retorna-se ao que se era. Trata-se de algo infinitamente maior. A alegria que na Páscoa celebramos, diz respeito ao prenúncio da nossa vida eterna. A confiança de que a morte não carrega a última palavra. Nosso Deus está vivo e a sua ressurreição traz no bojo, a certeza de que cada um de nós um dia também ressuscitará.

Nesta noite nova, iluminada pelo fogo novo do Senhor que vive glorioso para sempre, contemplamos a história da salvação até aquele momento em que o túmulo é encontrado vazio. Importa celebrar a Páscoa daí por diante. Ela é evento que iniciado jamais terminará.

Acontecem na vida uns poucos eventos que se tornam especiais e por serem assim, marcantes, permanecem ressoando em nossas mentes e corações. A experiência forte de Deus, o Batismo, a Primeira Eucaristia, a descoberta de alguém especial, casamento, o nascimento de filhos, perdas, mortes de gente querida, e por aí segue a lista...

Saindo desse âmbito mais privado, no qual constatamos possuir momentos pessoais importantes, poderemos observar que acontecem no mundo diariamente milhões de fatos impactantes. A imensa maioria logo após será esquecida.

Somente serão guardados na lembrança, por aqueles que neles estiveram envolvidos. Não são potentes para gerar ressonâncias mais amplas. Seus sentidos dizem respeito apenas ao acontecido e às pessoas que dele, diretamente, tomaram parte.

Só que há alguns eventos que transcendem o tempo e o espaço. São fundamentais, raríssimos. Geram ressonâncias imensas e que permanecem pelo tempo e espaço. Ao invés de se amortizarem elas, ao contrário, continuam se espalhando, tais como ondas contínuas de luz que, irradiadas a partir do seu centro, vão atingindo pelo caminho a todos e todas, que se põem atentos aos sinais de Deus.

Estamos falando de fatos tais como a Encarnação do Senhor, o Natal, daquele momento em que Jesus é batizado por João e em seguida assume a sua missão salvadora e, principalmente deste que celebramos: a Páscoa.

Esta é tão grande, tão importante, tão significativa que suas ondas ainda não foram bem decodificadas por nós. A verdade é que há inúmeros aspectos do seu sentido ainda dependentes de serem mais bem aquilatados e entendidos.

Se por acaso alguém disser que compreende totalmente o mistério da Ressurreição do Senhor, com certeza que estará enganado, ou então estaremos diante de alguém imerso na mais pura alienação.

A ciência hoje é praticamente unanime em dizer que o universo, da forma como hoje o conhecemos, teve início com uma explosão. O famoso big bang. Para entender melhor o que foi esse começo imaginemos um bolo de matéria imenso que fosse sendo comprimido, tal qual uma mola. Pressionado mesmo às raias do infinito, até que enfim se tornasse mais miúdo do que o menor dos grãos de poeira.

Pois bem, um dia essa pressão extrema termina e ele enfim explode. Acontece então sua incrível expansão. Os estilhaços voam, a uma velocidade próxima à da luz, em todas as direções. A energia liberada é tamanha que continua até hoje e se manterá ainda por muitos e muitos séculos.

A comparação do big bang com a Ressurreição de Jesus não deixa de ser pobre, eis que chegará o dia no qual a ampliação do universo cessará e a tal “mola” voltará a se comprimir. Com a ressurreição é diferente, eis que jamais haverá compressão. Seus raios somente se expandem abarcando cada novo ser humano gerado.

Na Páscoa de Jesus Cristo estamos, esta é uma das partes deste mistério, comemorando também a nossa futura ressurreição. Implicitamente celebramos aquele dia glorioso em que estaremos vivendo, para todo o sempre, na imensidão de Amor da Trindade Santa.

A Páscoa então não se resume àquele encontro do sepulcro vazio pelas mulheres e a posterior constatação de que Ele, o Senhor, vivia. É a festa dos filhos de Deus. Trata-se da celebração dos Zaqueus, samaritanas, fariseus, filhos que se foram e um dia voltam, mulheres adúlteras, viúvas, discípulos, ladrões, filhos que se mantiveram junto do Pai e mesmo assim custaram a entender o Amor... É a alegria da constatação de que a eternidade já está começada.

Feliz Páscoa! Nosso Senhor vive e nos convida a viver com Ele para sempre. Aleluia!

Pistas para reflexão:

- Que fatos geram ressonância em minha vida? Sinto Deus neles?

- A presença e o Amor de Deus se expandem em mim?

- Que significado tem em mim a ressurreição do Senhor? E a minha própria?


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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 25/03/2013
Alterado em 10/04/2022


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