Amor e desrespeito: palavras que se excluem. Mantém-se o casamento quando não há respeito?

Querida Cida,
Paz!

Você me escreve dizendo da sua vontade de separar. Relata-me que sua filha está em depressão por conta do relacionamento conturbado com seu atual marido e me pergunta, ao final do seu e-mail se “deve continuar aguentando as grosserias e desrespeitos dele?”

Daqui de longe e com os poucos dados que disponho, fico refletindo sobre a melhor forma de lhe responder. A situação é séria e não se resume somente ao casal. Agora envolve também a sua filha, que pela forma que me conta vem de um relacionamento anterior e se sente deprimida por se ver, de alguma forma, participante dos dramas e conflitos dentro de casa.

Na tentativa de ajudá-la a discernir os próximos passos a serem tomados em sua vida, Cida, escrevi esses cinco pontos para que possa refletir sobre eles e verificar se estão adequados à sua realidade e podem servir de apoio na decisão: Ei-los:

1 – Ninguém poderá decidir por você o que fazer. Somente você é quem poderá dizer se acabou ou não a relação, ou se ainda há brasas sob as cinzas e se, havendo ainda esse fogo oculto, valerá a pena recontratar a relação em outros moldes. Neste caso, tenha muito em mente as questões da sua filha em meio ao seu casamento.

2 – O Amor não consegue sobreviver em ambientes nos quais viceje o dessrespeito e a violência. Nesses lugares ele sofre muito e termina indo embora. Quem ama cuida e respeita o outro. Cuidado então se você está sentindo que há muito desrespeito e descuidado entre vocês. Este não é, definitivamente, um bom sinal.

3 – Caso sinta haver ainda espaço para tentar a manutenção do casamento, provoque um diálogo sobre o que está sentindo e como os comportamentos do seu esposo estão interferindo na sua vida e na da sua filha. Mas cuidado. Não parta para a conversa como se todos os problemas estejam partindo do outro lado. Veja primeiro em que tenha culpa e sinta se poderá mudar nisto. Numa relação com problemas os dois lados têm culpa.

4 – Quando estamos no meio do problema torna-se bem difícil verificar todos os lados do problema. Parece que passamos a olhar as coisas como se estivéssemos usando viseiras. Só alcançamos enxergar os nossos lados na questão. Para que vejamos além dou-lhes a dica seguinte: Quem sabe não tenham alguém, um amigo comum, um padre, alguém mais velho, uma pessoa ponderada e madura com quem possam conversar e lhes mostrar o que não estão conseguindo enxergar.

5 – Busque estar mais perto de Deus. Esteja mais junto dele. Saiba que Ele está bem perto de você. Ele também sofre quando você e sua filha estão sofrendo. Ore mais e coloque em sua oração todos esses dramas que me relata. Ele, que é todo bom, a compreende profundamente e poderá ajudá-la na tomada da melhor decisão para a sua existência. Não se esqueça de rezar também com a sua filha. Com certeza que ela necessita, bastante, da sua oração. A vida perto de Deus não faz com que os problemas sejam automaticamente resolvidos. Eles precisam ser solucionados por nós. A vida jundo dele faz algo melhor ainda. Dá-nos ânimo e coragem para resolvê-los, bem como ajuda-nos também a que mudemos a maneira de encará-los.

Daqui fico rezando e torcendo por você, amiga, receba o meu abraço fraterno,
Fernando.