Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


A família é lugar de amor e de crescimento - Liturgia da Missa - Reflexão sobre a Mesa da Palavra para o domingo 29-12-2013 Ano A - Sagrada Família

Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: 'Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo.' José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. Ali ficou até à morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 'Do Egito chamei o meu Filho.' Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e lhe disse: 'Levanta-te, pega o menino e sua mãe, e volta para a terra de Israel; pois aqueles que procuravam matar o menino já estão mortos.' José levantou-se, pegou o menino e sua mãe, entrou na terra de Israel. Mas, quando soube que Arquelau reinava na Judéia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Por isso, depois de receber um aviso em sonho, José retirou-se para a região da Galiléia, e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno.' Mt 2,13-15.19-23

Na festa de aniversário de uma criança estavam presentes, além dos primos e amiguinhos, a sua mãe, a madrasta, seu pai, o padrasto, os irmãos por parte de pai e aqueles outros por parte da mãe. Esta realidade com a qual convivemos confundia os mais velhos ali presentes.

Hoje é o dia da família e não podemos nos esquecer de que há vários modelos de família hoje no mundo. Até alguns anos vigorava em nossa sociedade o modelo patriarcal. O pai era a referência e tudo em casa girava em torno dele. Mães e filhos somente compunham a paisagem. Valia mesmo era a palavra e a vontade do pai.

Este modelo está em desuso. A família hoje é plural. Há muitos modelos dela à nossa volta. E o que temos em comum em todos eles é que nesse mundo múltiplo familiar cada um busca a sua singularidade. Cada componente da família é diferente e necessita de cuidados e atenção especiais. Não dá mais para tratar da família como se fosse um bolo só, tudo junto e misturado.

O que é necessário é resgatarmos o sentido do divino, da transcendência, nas nossas famílias.Sejam elas da forma como o são, importa que os seus frutos precisam ser cuidados para que possam crescer em humanidade e em espírito, como Jesus crescia com Maria e José em Nazaré.

Um olhar bem familiar sobre as duas primeiras leituras desse domingo poderão nos ajudar neste intento. No livro do Eclesiástico vemos a questão do respeito e do cuidado com os pais. A caridade feita aos progenitores não será nunca esquecida, nos recorda o autor do livro.

Na carta aos Colossenses Paulo vem nos falar que somos amados por Deus e que este amor obriga-nos a estarmos “revestidos da misericórdia, bondade, humildade , mansidão e paciência, suportando-nos uns aos outros e perdoando-nos mutuamente”. Está aí um bom manual de vida para as nossas famílias.

Considero lamentável que o suportar-se uns aos outros é várias vezes colocado por nós como tendo sentido negativo. Algo assim como “não suporto fulano”. Esta é uma leitura rasa do que o apóstolo quer na realidade nos dizer. Suportar-se mutuamente é ser suporte, coluna mesmo, ombro que dá segurança e sustentação para os nossos pais e irmãos.

No Evangelho da festa da família Mateus vem nos lembrar que Jesus, desde criança, foi perseguido. O resultado dessa perseguição é que ele vai para o Egito. Esta viagem da Sagrada Família precisa ser vista mais de perto e com mais cuidado. Não se trata simplesmente de uma escapada. Ela é muito mais do que isto. Jesus assumindo a história humana está investido totalmente da vida da humanidade. No seu caso, da vida do povo judeu, o seu povo.

A encarnação não é algo simples. Assumir-se totalmente humano significa passar por todas as vicissitudes inerentes à humanidade. Assim, nesse olhar é importante que não nos esqueçamos do caráter simbólico que o Egito, lugar de escravidão e da primeira Páscoa, tem para os judeus e também para nós, cristãos do Século XXI. Assumir-se humano é visitar a própria história. Caminhar até o Egito é metáfora de que Jesus crescia e se aprofundava na sua humanidade.

Um olhar sobre a família mostra-nos que ela é lugar divino, no qual Deus faz maravilhas, mas é também local de dificuldades, muitas vezes tem estado marcada pela violência, abandono, desprezo e tantos descuidados. Na secularização e falta de valores que a sociedade atual vive a família é quem perde mais.

Que não fiquemos somente nos agradecimentos e louvores ao Senhor pela família boa que temos, mas que busquemos, através de gestos concretos e ao nosso alcance, trabalhar para que a família se reforce e seja local de paz, alegria e crescimento, não somente dos filhos, mas também dos pais que a compõem.

Para refletir:

- O que é família para mim? Em que ela me faz crescer?

- O que significa, na minha história, visitar o “Egito”?

- O que posso fazer pelas famílias com problemas à minha volta?


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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 28/12/2013


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