Os nós de nós mesmos
O fascínora, desfigurado de porradas,
despejado, qual lixo, no asfalto sujo.
O bandido, ensanguentado e desnudo,
jogado no piso frio do meio da rua.
O delinquente, inchado, posto junto à poça.
Roubara, urrava a multidão raivosa.
O marginal em concha, fetal, a turba de pé,
mãos vermelhas por ter cumprido justiça.
O homem não podia escutar aqueles gritos,
seus ouvidos estavam cerrados para o mundo.
O jovem tinha as mãos bem amarradas,
corda trazida daquela obra na esquina.
O adolescente imberbe, fiapos entre sangue,
franzino parecendo ser ainda mais novo.
O menino está morto e sua mãe o liberta
dos nós cegos que prendem seus punhos.
O garoto no colo da mãe parece dormir,
ela também não ouve os gritos de ódio.
A criança, braços pendem, está livre e
a cidade manietada em sua insensibilidade.
Na tarde o espetáculo, filme de terror:
Cena nua e crua dos nós de nós mesmos.