SAPATOS
O barquinho do amor submergia. Ao fundo os furos de confiança faziam água. Deu seta para a esquerda e partiu para o Shopping. Rumo ao carro perdido no estacionamento cantarolava, feliz, com as três sacolas de sapatos nas mãos. Entra em casa, chutando, descalçou-se. Senta-se na poltrona e sente dúvidas. Fecha os olhos, mistura as bolsas, apanha uma. Desfila para si mesma pela minúscula sala. Faz unidunitê com as outras sacolas. Novo desfile é realizado. Ao caminhar com o terceiro par adquirido, cai em conta de três coisas: 1 – Não tem mais onde guardar sapatos; 2 – Caso use um par por dia, em um ano não terá calçado nem a metade; 3 – O cheque especial está estourado. Descalça, sentindo-se tola, insegura e triste, toma o telefone e liga. Do lado de lá o silêncio.