OLHAR ANGELICAL
“Mamãe, rompeu a bolsa. A gente se encontra na maternidade”. Quis dizer da felicidade que sentia em ser avó, da alegria propiciada por aquele momento único, falar ao menos um “vai com Deus, Duda”, mas ela desligou. Arrumou-se rápido, avisou ao escritório e mudou o trajeto. A chuva caía forte e o rádio anunciava novo recorde do engarrafamento. A imensa lagarta de automóveis se arrastava. Repetia entre alegre e aflita: “Anjo de Deus, meus caminhos podem esperar, mas os da minha filha, por favor, deixe-os abertos”.
Vieram as lembranças... Ela chegara tão roxinha. Tentou se enganar: “Criança nasce é assim mesmo”. O rosto de preocupação da equipe médica foi a senha de que as coisas não iam bem. Levaram-na rapidamente, nem ao menos foi posta em seu peito antes de cortar o cordão. O namorado discordava da manutenção da gravidez e ao buscar apoio na família encontrou a mãe ainda mais dura. A filhinha na UTI, o sufoco de ter que permanecer com ela, a incapacidade de mamar, os intermináveis pedidos de exames. A ansiedade com a espera da cirurgia, a aflição quando da sua realização e ao final a pior parte: não obtiveram sucesso com o conserto em seu minúsculo coração. Os ouvidos pareciam se tapar para não escutar que o coração tinha uma parte necrosada e que somente um transplante curaria seu bebê. Mas se fosse essa a solução que a buscassem, “que corressem e salvassem Eduarda”, implorava. Não era simples assim e aconteciam novas explicações fazendo a cabeça girar com o absurdo da situação. “Vamos aguardar, ver como reagirá ao pós-operatório”. “Mas se esperarmos assim passivamente e ela for embora?” Tinha pavor de usar o verbo morrer em relação à filha. A médica parecia um bloco de granito. “Teremos que correr o risco. Fizemos tudo o que estava ao alcance da medicina”.
A partir daí concluiu que Eduarda, sua amada Duda, não iria longe. Era necessário se preparar para a partida, mas não deixaria nem um minuto de lutar. Quando deu por si - quem sabe para se esconder da chuva, talvez porque quisesse um local calmo, ou se sentisse cansada demais de tudo aquilo - estava sentada no banco de uma igreja. Seu olhar enternecido e de tristeza posto naquele pequenino ser adormecido em seus braços. Uma gota pingou em sua testa e Eduarda se mexeu espremendo os olhinhos. Riu da cena e ela que tão pouco acreditava em Deus, mas que muito escutara que criança doente se batiza logo considerava que, pela sua lágrima, a filha fora batizada. Olhar fixo na imagem e no desespero da descrença implorou: “Deus, caso você exista mesmo. Sinto-me só, angustiada, exaurida mesmo. Imploro que nos envie um anjo protetor. Um só. Nem precisa gastar dois conosco. Um esperto, carinhoso e que saiba cuidar de mãe e filha. Prometo que se Duda não partir farei, mesmo crendo tão pouco, as seis peregrinações ao Santuário”. Achou graça daquela oração, da promessa e da fé repentina.
A correria insana desdobrando-se entre o trabalho e o atendimento à filha, foram deixando aquela tarde na igreja no esquecimento. A lembrança do compromisso retornou quinze anos depois. Eduarda viva e com saúde. Mais bela ainda do que são as adolescentes. E nem houve transplante, muito menos a tal cirurgia complexa e fundamental quando completasse sete anos. “Não há o que explicar. Só sabemos que ela está bem. Claro que não tem um coração perfeito, mas que dá para o gasto ele está provando que é capaz”. A médica, sete anos depois, lhe afiançou o milagre.
A princípio queria que Eduarda fosse com ela às peregrinações, mas o tamanho da negativa provocou seu recuo. Negociaram e combinaram que faria a primeira. “Programa horrível esse de visitar igrejas. Ainda mais distantes. Ideia maluca. Só mesmo minha mãe”. Ruminava olhando a cidade ficar para trás, se esvair no rarear de luzes. Roberta insiste para que Duda cerre a cortina. Sem obter sucesso, virou-se para o corredor e adormeceu. Teve a sensação de que alguém a olhava, de bem perto. Abertos os olhos virou-se balançando a filha. “Eduarda, que foi?” “Que foi o que, mãe?” Respondeu sem despertar direito e emburrada. “Você me olhava”. “Mãe, por favor, desencana. Cada dia te acho mais doida. Vai, dorme”. Na chegada o canto desafinado das romeiras no ônibus compunha o despertar. Pela janela reparou lá em cima as torres do Santuário. Além delas o dia começava dourado. Roberta se emocionou.
Viagem tranquila e agradável no mês seguinte. Uma idosa mirrada e empertigada ao seu lado. Contou da viuvez, reclamou dos filhos distantes, dos netos que jamais a visitavam. Confirmava a solidão falando aos borbotões. “Nesse mundo velho não conta”. “Claro que conta”, lhe respondeu para ser rebatida em seguida: “Pois imagine que nesse último domingo foi meu aniversário. Filhos, noras e genros me levaram a um restaurante. Era como se não estivesse à mesa. Parece que não conseguiam ouvir a minha voz, ou que ela não importava. Vivi a sensação de ser invisível. E veja que era a minha festa. Imagine nos demais dias”. Disse seu nome: “Angélica, uma flor”. “Negativo, nome relativo a anjo. Uma enviada de Deus”. A velhinha fez silêncio refletindo. Quando contou seu motivo de visitar o Santuário - jamais depender de parentes – Roberta havia caído no sono. Despertou sentindo que alguém, bem junto, queria lhe confidenciar algo. “Pode dizer, amiga”. “Falar o quê?” Retrucou Angélica. “Deixe pra lá, devia estar sonhando”.
Na terceira peregrinação mais uma vez vivenciou a sensação de estar sendo observada e de muito perto. Acordou sobressaltada. O homem gordo, boca aberta, tremia a cada ronco. O corredor, na penumbra, viajava vazio. Certamente um sonho ruim. A respiração difícil do vizinho incomodava. Pegou-se contando, compassadamente, o espaço de tempo entre um e outro ronco. Entre doze e treze sempre, mas uma vez continuou a contagem. Foi ao dezenove e nada. “Meu Deus, morreu”. Sem saber o que fazer lhe lascou uma cotovelada na barriga. Resfolegou desesperado parecendo um grande e desregulado aspirador chupando ar. Olhou as horas. Mais uma hora e pouco de viagem. Guardou o celular e tirou o terço. Desacostumada das orações embolava-se com as Ave Marias, os roncos e os Pai Nossos.
O ônibus das vinte e três horas era perfeito, livrava dos gastos com hospedagem. Chegava cedinho, pagava a promessa, almoçava e estava novamente embarcada. Na fila do guichê para comprar a passagem, reparou no homem de cabelos loiros e longos, amarrados num rabo de cavalo à frente. Postando-se um pouco de lado, pôde reparar o quanto era bonito o seu rosto, era de uma beleza angelical. “Um anjo da beleza desses que Deus de vez em quando nos envia”. Sorriu pensando. Apurou os ouvidos e escutou que ele também iria ao Santuário e no mesmo dia e ônibus que ela. “Só falta pedir o dezesseis, ao meu lado, acho que vou gostar”. Desejava a poltrona quarenta e três, janela, mas estava ocupada. Ordenou com voz grave e ao mesmo tempo doce: “Alguma bem ao fundo e na janela”. “Ah, podia vir mais à frente e o dezesseis seria perfeito para ele”. Roberta refletiu maliciosa.
O tal anjo da beleza ao se virar a olhou firme dizendo: “Olá, eis-nos de novo rumo ao Santuário. Se estiver no meu ônibus, será a quarta vez que viajaremos juntos. Irei na sexta-feira 23h”. Alegria por ter sido reparada e cara de surpresa como se não tivesse prestado atenção ao diálogo com a vendedora. “Então esses olhos maravilhosos me veem desde a primeira peregrinação. Como não reparei que esse presente dos céus estava tão pertinho?” Quase em paralelo à satisfação, espocou o sobressalto. “Por acaso viria dele a sensação de estar sendo olhada?” Expectativa e receio se embolavam.
Ônibus cheio e nada do anjo, o motor já estava acionado quando chegou. Passou pelo corredor lhe acenando. “Vamos com Deus”, disse. “Vamos sim”, ela respondeu. Agitada demais para dormir. Levantou-se e olhando para os fundos aqueles olhos de encanto encontraram os seus. Foi sua vez de acenar. De certo que receosa de que reparasse sua tremura. Ele lhe sorriu lindamente. Apanhou cachecol e livro, desconcentrada lia e relia a mesma página, enfim adormeceu. Numa curva acordou amedrontada com olhos postos em seu rosto. Com as mãos tentou empurrá-los e os dedos bateram na poltrona adiante. Livrou-se do cinto e se levantou, em volta e em toda parte passageiros dormindo. Foi então que se ajuntaram na mente o anjo implorado naquela igreja distante e os olhares nas viagens. “Loucura isto, absurdo tal conjectura”. Não mais pregou os olhos. Na chegada, sem olhar para trás, desembarcou e correu para o Santuário. Queria participar da primeira missa, passar pela sala da devoção, rezar só meia hora e embarcar de volta antes do almoço. Imaginou ser este o melhor jeito de fugir da confusão que aqueles olhares estavam lhe causando, mesmo sem saber de onde vinham, o que significavam, de quem eram e muito menos se existiam mesmo, ou eram simples fruto de sua imaginação.
Aliviada se viu novamente na estrada. O saco de biscoitos foi incapaz de saciar sua fome. Sonhou que voavam a uma velocidade alucinante, pela janela passavam nuvens e estrelas. Lá adiante o Santuário flutuando sobre a nuvem branca. Dois anjos diante da imponente porta de bronze presenteavam com flores os peregrinos. Aproximando-se viu que eram idênticos. O anjo a aguardava, mistério semelhante ao da Trindade de Deus, só que ali eram dois em um. Ofertaram-lhe as flores todas que carregavam. Despertou e tinha perdido a parada do lanche. “Ué, mãe, te expulsaram da reza?” Eduarda surpreendentemente de bom humor. Inventou uma desculpa e foi comer algo, largar daquelas roupas e tomar banho.
Durante o quinto mês lhe bateu que estava sendo boba, infantil mesmo. Não havia olhar e muito menos anjo. Aquele homem bonito e interessante não possuía, além da fé comum, nada a ver com ela. Um pesadelo idiota desencadeara outros e a carência foi juntando linhas que jamais deveriam ter sido enlaçadas. Não deixaria crescer a obsessão. Naquela viagem iria se provar o quão ilusório era aquela história. Rezou, mesmo que o seu acreditar se fizesse tão miúdo, implorando que nada lhe tirasse do propósito de ter olhos e sentimentos somente para o Divino.
Chegando à Rodoviária o viu adiante. Ao segui-lo à distância deixou vir à consciência o que seu coração exigia: a paixão pelo anjo. Parou na plataforma vizinha, como se outro fosse o destino. Viu-o apresentar tíquete e documento ao motorista. “Que nome estaria nele? Só considerava duas hipóteses: Rafael, ou Gabriel”. Deixou que entrassem mais umas pessoas e, se achando de novo idiota na espreita do anjo, rumou para o ônibus. No corredor o susto. Ele não estava lá no fundo, mas na dezesseis. Por um segundo estacou paralisada. Recompôs-se e resoluta deu os três passos até sua fileira. Sem olhar para baixo enfiou no bagageiro a sacola com alguns pertences. Apertou contra o peito a bolsa, como se escudo ela fosse. Evitando ao máximo olhar para a banda da janela e muito menos pedir licença, assentou-se mirando um ponto imaginário na poltrona em frente.
“Não me viu aqui?” Aquela voz grave e doce falou mais baixo do que seria razoável. “Ah, você é aquele rapaz da fila”. Respondeu tentando parecer natural e derrapando feio no tom. “Algo em mim dizia que deveria mudar de lugar nessa viagem. Então, eis-me aqui”. Com o coração disparado, evitando mirar seus olhos, tentou sorrir. Cabeça era caldeirão onde se misturavam susto, medo e prazer. Fez-se silêncio. Arrancou o livro de dentro da bolsa. Desentendia daquelas palavras. Aquela era uma língua estranha. Sabia estar sendo vista, reparada, olhada profundamente. Por isto, mesmo sem compreender nada, havido um tempo que avaliou suficiente, virou a página. A loucura da qual se punha refém crescia. Enfiou o romance na cesta e fechou os olhos. “Por que cumpre as peregrinações?” Ele lhe perguntava sem ao menos respeitar seus olhos cerrados.
“Trata-se da Eduarda, minha filha”. “Ah, aquela garota do primeiro mês?” A confiança que havia dado um passo adiante, recuou dois de imediato. Sentiu-se em polvorosa, acuada por ele se lembrar com tanta clareza das duas. Olhou-o assustadíssima e o anjo não recuou. “Por que fica assim? Não deveria saber das suas coisas?” Aquela voz, aquele tom, a autoridade com que lhe falava a foram acalmando e restaurando a confiança, correu então para ele. Teve a nítida impressão de que ele sabia de tudo e que não precisaria lhe dizer mais nada. Calou-se e ele nada mais perguntou. Não fez nenhum movimento de recuo quando lhe tomou a mão. Era como se precisasse desse toque, como se o aguardasse desde todo o sempre. Mesmo tendo consciência do quanto era desnecessário, relatou-lhe do nascimento de Eduarda, da luta dela pela sobrevivência, daquele dia na igreja, do ter deixado por vários anos o compromisso firmado. Sem que lhe tenha contado do silêncio daquela história com Eduarda, lhe indagou por que não dizia a ela dos motivos das peregrinações? Respondeu-lhe que faltava coragem para tratar desse assunto com a filha. “Quem sabe ao final das viagens se animaria a lhe confessar”. Num pouco de tempo em que permaneceu calada pôde avaliar o tanto que tinha dito e o tão pouco que sabia sobre o anjo “o seu anjo”, ousou dizer a si mesma. Ao virar-se para lhe pedir que contasse também da sua vida e dissesse seu nome - se Gabriel, ou Rafael - descobriu-o dormindo. Esperou inutilmente que acordasse e nem na parada teve coragem de despertá-lo. A viagem se fazia sonho ali de mãos dadas, imóvel, a admirar extasiada o seu anjo. Sentia-se envolta em uma paz até então desconhecida.
Acordou-o quando da chegada. Ao desembarcarem ele largou da sua mão e lhe disse que se encontrariam para a missa. Que se sentiria melhor realizando sozinho a peregrinação. Não cabia retrucar e, afinal, a celebração não demoraria tanto. Em breve teria seu anjo ao lado. Foi assim, pisando flocos de nuvens, que iniciou a subida ao Santuário.
Chegou cedo. Buscava na nave um local de onde a visão fosse mais ampla. Assentou-se marcando o lugar vizinho com a bolsa. A hora da missa se aproximava, o templo lotava e nada de ele aparecer. A ansiedade, embolada com uma irritação se transformava em raiva por se sentir novamente abandonada.
A celebração começara e Roberta a se levantar na busca angustiosa do seu anjo. Chegou a ser ríspida com alguns fiéis que insistiam em tomar o lugar dele. Tudo terminado esperou que o templo se esvaziasse. Zanzou por um bom tempo pela grande praça. Não sentia fome e foi assim que comprou, meio tonta, a passagem para o ônibus que estava de saída. Chorou a viagem inteira.
O último mês da peregrinação se arrastava dolorosamente. Como desejava hibernar para que os dias voassem chegando enfim a noite em que partiria rumo ao Santuário ao lado do seu anjo. Tornou-se chata, irascível, lamurienta e chorona. Segunda-feira, semana da viagem, horário do almoço, foi adquirir a passagem. Viajaria na quarenta e dois, corredor. Permaneceu por ali, viu a fila se fazer e se desfazer várias vezes e nada do seu anjo. Coração apertado demais retornou ao escritório. O receio de que nunca mais o encontraria foi se tornando medo, pânico, verdadeiro pavor. Fez com que se sentisse no inferno. Naquelas horas o milagre mais desejado era a sua presença. Caso fosse impossível, que Deus lhe apresentasse a morte. Teve terríveis pesadelos. Num deles o ônibus, seu anjo a lhe segurar a mão, despencava numa ribanceira sem fim. Passado longo tempo o baque surdo. Dos gritos, passou-se aos gemidos e desses até o silêncio total. A mão dele apertada à sua ia se esfriando até ficar gelada. Acordou febril, aos prantos.
Começo da noite de sexta e lhe veio o temor de que ele poderia viajar mais cedo. Apanhou suas coisas, beijou Eduarda e chamou o taxi. Corria alucinada para a plataforma como se estivesse a ponto de perder a viagem. Espreitou, tal qual felina, os seis ônibus que largavam antes. Avaliou indagar dele aos motoristas, fiscais, à moça do guichê. Mas como descrevê-lo, o que falar dele? “Você viu o meu anjo, um de olhar penetrante e que traz paz, cabelos longos, louros, presos num rabo de cavalo, um que tem um rosto maravilhoso?” Remoía-se de ódio por não conhecer nada dele. Nem mesmo seu nome, se Rafael, ou Gabriel sabia. Caiu num choro imenso, desprovido de qualquer pudor. Foi a primeira a embarcar. Nem se assentou e teve ímpetos de retornar. “Para que viajar, para que a última peregrinação se a vida perdera o sentido?” Seu anjo não viria, tinha certeza absoluta. Tentou sair, mas o corredor tomado de passageiros impedia o retroceder. Sentada baixou a cabeça esperando que todos subissem para que pudesse descer, esquecer aquele maldito Santuário, sair pela noite, pela cidade, pelo mundo até encontrar seu anjo.
O toque no ombro a fez retornar à realidade. A mocinha sorridente pedia passagem, encolheu as pernas para que passasse. Fechou os olhos e o sonho veio vindo. Em sua casa havia uma festa e a alegria era grande. Muita dança e os cantos tomavam o ambiente, estavam todos felizes. Buscava Eduarda pairando por sobre os cômodos. Na varanda ela conversava com o seu anjo. A voz grave e doce dizia à filha da sua missão ali: Comunicar o milagre. “Mas que milagre? Deixe disto e vamos nos divertir” Duda ria sem entender nada. “Sua mãe sabe qual. Converse com ela.” Riu descrente, balançou a cabeça e retornou para a sala.
Seu anjo então a viu, aqueles olhos a miraram forte e ela teve certeza de que eram dele os olhares naqueles meses todos. Ao sorrir sentiu-se envolta novamente naquela paz incrível. Acenou e se virou. Roberta viu surgirem asas naquelas costas. Longas, leves, brancas, belas. O anjo partiu.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 15/06/2016
Alterado em 25/06/2016