Voo materno
A mãe sorri flutuando pelo azul do espaço. O menino se aflige ao vê-la tão bonita a se distanciar. Por fim se transforma num singelo ponto de luz em meio ao brilho faiscante das infinitas estrelas. Desespera-se e grita apavorado chamando inutilmente por ela. No gelado da madrugada o despertar febril empapado de suor e urina.
Sem esconder o incômodo a cuidadora noturna para de dedilhar o terço e se levanta. Lá de antes das compridas fileiras de camas, diz um xiii. Ordena para que cale a boca e durma. Nem vem reparar no calor a lhe queimar a face e muito menos no frio molhado das roupas.
Não há ninguém para lhe oferecer a proteção do colo, acariciar os cabelos, beijar seu rosto, solfejar uma cantiga para afastar o medo misturado à tristeza. A mãe não existe mais. Arranjou a doença e nem se despediu dele. Tanto implorou para descer do mundo que agora ela é feliz.