Mesa da Palavra - 11º Domingo do Tempo Comum - Ano A
“A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos.”
Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então Jesus disse a seus discípulos: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita». Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade. São estes os nomes dos Doze Apóstolos: primeiro Simão, chamado Pedro, e seu irmão André; Tiago e seu irmão João, filhos de Zebedeu; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. Jesus enviou os Doze com estas recomendações: «Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel. Vão e anunciem: "O Reino do Céu está próximo’. Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça! Mt. 9,36-10,6
Um rapaz, que desde os tempos ainda infantis da Eucaristia andava afastado da Igreja, foi convidado a vivenciar o seu encontro de jovens na paróquia. No domingo à noite, final do encontro, ele estava vibrante. Saíra encantado e querendo, de imediato, fazer grandes coisas. Sentia já naquela primeira hora que o Senhor o chamava para as missões. A sua vontade imensa era a de partir para lugares inóspitos e distantes. O seu desejo era o de pregar Jesus Ressuscitado no Oriente, entre os muçulmanos. Foi complicado lhe explicar que aquela poderia até ser uma opção, quem sabe mesmo um chamado em sua vida, mas que antes deveria cuidar das pessoas mais próximas. Daqueles que estavam à sua volta - o seu círculo menor. Depois, só lá mais adiante, mais preparado, principalmente, partir para aqueles que se encontravam mais longe, os círculos maiores.
O Evangelho de Mateus para o próximo domingo começa falando que Jesus teve compaixão das pessoas, eis que estavam cansadas e abatidas. Muitas vezes, também hoje, Ele deve olhar lá de cima e nos ver assim: desanimados, extenuados mesmo, achando que nada do que estamos fazendo esteja dando resultados, esteja dando frutos. Nessa hora que bom que o seu sentimento seja este de compaixão. Jesus é sempre compassivo.
Quando cansados a gente pode até vislumbrar a estrada, mas bem pode ser que nos bata o desânimo de seguir para adiante. Aí nos vemos perdidos e necessitamos de uma liderança. De alguém que esteja enxergando mais além, depois do morro, ou da curva, e nos anime, nos possa impelir para que partamos. Para que possamos dar, pelo menos, mais um passo. Olhando em volta – nosso círculo menor – bem possivelmente iremos encontrar gente desanimada. É para esta turma que o Senhor está nos chamando para trabalhar, para servir. O seguidor de Jesus, seu discípulo missionário, é sempre um líder.
Este papel de liderança era geralmente cumprido pela hierarquia da Igreja. Só que o mundo é muito grande e eles, além de serem poucos, são incapazes de penetrar em inúmeros ambientes. O espaço do trabalho é um exemplo. Serão nesses lugares, tal como o ambiente profissional e tantos outros, que nós os leigos poderemos exercer o apostolado. E é bom estarmos atentos, eis que esses cenários poderão estar bem mais próximos do que possamos imaginar.
O Século que vivemos, dizia o teólogo Karl Rahner, um dos grandes do Vaticano II, será o Século dos leigos. E ele falava isto uns sessenta anos atrás e já estamos há mais de 20 anos dentro dele e não sentimos que seja já o nosso Século. Será que Rahner se enganou?.
Não que a gente deixe de rezar, que pare de pedir mais operários para a messe. Longe disto, que o peçamos todo dia. Mas atenção, porque há aí também um risco. É o de cairmos na velha tentação do clericalismo. De achar que somente os padres é que sabem e podem fazer e resolver as coisas na Igreja. Tem bastante gente que acha que nem deve se tratar de uma tentação, mas de albo bem confortável, bem legal, eis que nos deixa de braços cruzados, nos torna acomodados.
O Evangelho continua nomeando os apóstolos. Três coisas a este respeito: 1 – nomear é distinguir, é tirar do meio da multidão, dando maior importância. 2 - Ter os nomes registrados é claro que aumenta demais a responsabilidade. 3 – Não se trata jamais aqui de uma lista fechada. Nela eu também devo deixar registrado, com todas as letras, o meu nome, eis que também sou chamado. Aliás, pensando bem, não sou eu quem gravo na lista o meu nome, mas Jesus.
Por último vamos à nossa historinha de hoje. O chamado primeiro é para as pessoas mais de perto, isto é muito importante. No caso de Jesus é o que Ele chama de “as ovelhas perdidas da casa de Israel”. Tratavam-se os judeus do primeiro e mais próximo círculo. Fico imaginando que esse recado tenha sido dado por um motivo muito simples: bem possivelmente havia apóstolo, ainda naquela primeira hora, querendo desde já partir para o Egito, para Roma, para a Abissínia, quem sabe...
Pistas para reflexão:
- Também me identifico como operário da messe do Ressuscitado, ou considero somente a hierarquia nesse meio?
- A quantas anda o meu trabalho de evangelização das pessoas do meu círculo mais próximo? Atenção, eis que mais que ensinar religião evangelizar hoje é dar Amor.
- O que eu recebi de graça, tem sido passado por mim da mesma maneira: também de graça?