Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


OS SETE PECADOS DA LEITURA DA BÍBLIA

Celebramos a cada setembro o Mês da Bíblia. Tempo privilegiado para nos aprofundarmos no livro por excelência dos cristãos: aquele que carrega a Revelação da Palavra de Deus. Precisamos entender que ler a Bíblia não é, com toda certeza, algo fácil e simples. É necessário se considerar que foi algo escrito há muito tempo e, mais ainda, por um povo com uma cultura muito diferente da nossa. O Frei Carlos Mesters, um dos grandes conhecedores da Bíblia na nossa Igreja, costuma dizer que a Bíblia é como um coco. Duro e difícil de ser saboreado, mas que quando, depois de se ter feito um esforço, se consegue abri-lo, vive-se a surpresa da delícia encontrada no seu interior. Por isto, é preciso ter em conta algum cuidado na leitura. Por isto, listo aqui aqueles que considero sejam os sete pecados mais comuns que costumamos cometer ao nos depararmos com a leitura da Palavra.

1 – O pecado de ver a Bíblia como um livro histórico.
Sabemos que a Bíblia – na verdade um conjunto de livros, uma biblioteca – contém em seu bojo vários gêneros literários. Nela encontramos romances, sagas, poemas e também história. Mas isto não significa que possamos entendê-la como um relato histórico simplesmente. Isto também porque a história, tal qual a entendemos hoje, não era algo que o Povo da Bíblia conhecia e muito menos queria realizar. Sim, a Bíblia tem história, mas daí a considera-la como relato histórico, vai uma diferença tremenda.

2 – O pecado de ver a Bíblia como um livro científico.
Trata-se do pecado de se fazer a leitura fundamentalista da Bíblia. Entendê-la como um livro científico. Tratam-se aqui daquelas pessoas que a leem ao pé da letra entendendo, por exemplo, os primeiros capítulos do Gênesis, um relato eivado de poesia, como ciência. A Bíblia é um livro de fé e é assim que iremos saboreá-la, contemplá-la, meditá-la, rezá-la enfim.

3 – O pecado de ver a Bíblia como um livro simplesmente humano.
A Bíblia, apesar de que foi escrita por seres humanos como nós, vai muito além da nossa frágil humanidade. Ela é nada mais, nada menos do que a Palavra de Deus. Pela nossa fé, temos a certeza de que o Senhor a inspirou toda. Entendê-la como meras palavras de gente como a gente é cair no pecado de diminui-la demais.

4 – Pecado de achar que a Bíblia foi psicografada pelos seus autores.
A Palavra de Deus, por Ele, cremos, totalmente inspirada, foi escrita por um grande número de redatores. Um enorme livro feito em mutirão por gente que percebia as pegadas de Deus caminhando com o seu povo e transpunha para o papel, fazendo uso das suas próprias palavras, aquilo que Deus queria nos comunicar. Está errado pensar que os autores, como que, fechavam seus olhos e iam recebendo do alto aquilo que deveriam escrever.

5 – Pecado de não sentir a Bíblia como um livro ecumênico.
A Palavra de Deus nos une aos irmãos separados. Praticamente toda a nossa Bíblia é igual à Bíblia dos evangélicos (a exceção são os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14). Nela está registrada a História da Salvação e é preciso utilizá-la mais e melhor para que possamos dar passos em direção aos irmãos separados.

6 – Pecado de não perceber que a Bíblia nos faz mais próximos dos irmãos judeus e muçulmanos.
Todo o Primeiro Testamento, a maior parte da Bíblia, foi herdado por nós do Povo de Jesus. Foram os seus parentes do povo judeu que, inspirados pelo Espírito Santo, a foram redigindo. Infelizmente, eles não conseguiram captar a grande riqueza daquilo que faziam: preparar os caminhos, aplainar as estradas para a vinda de Jesus. O pecado está em não considerar o diálogo inter-religioso como necessário também para que “todos sejamos um”, nas palavras do próprio Jesus.

7 – Pecado de não perceber que Jesus Cristo é o Princípio e o Fundamento da Bíblia.
A Bíblia, inexoravelmente nos leva para Jesus Cristo. Ter acesso a ela e não chegar a Ele fará com que a nossa leitura e oração da Palavra fique desfocada. A Bíblia nos leva para Jesus, ao mesmo tempo em que Jesus nos encaminha para a Bíblia.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 08/09/2021
Alterado em 08/09/2021


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