Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Jesus me ensina o grande mandamento - Mesa da Palavra 31º Domingo do Tempo Comum Ano B

Jesus me ensina o grande mandamento

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Mesa da Palavra para o 31º Domingo do Tempo Comum

Ano B

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Aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-lhe: “Qual é o primeiro dos mandamentos?”. Jesus respondeu: “O primeiro é este: ‘Escuta Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, Com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-lo com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-lo.

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Dançando em meio ao bloco no gosto de aproveitar, ao máximo, a alegria do carnaval, aquele casal de jovens recebe um folheto com a publicidade de um motel da região. O slogan no alto do cartão além de lhes chamar a atenção, causa incômodo: “Ame mais nesse carnaval” era o que estava escrito. Algumas horas depois, retornando para casa, conversavam no metrô a respeito da banalização da palavra Amor.

 

Como tudo que é excessivamente usado, o termo Amor também sofre desgaste. Amor passou a significar tanta coisa que o seu sentido original, não raras vezes, pode se ter perdido por aí. Parece que foi o que aconteceu com essa propaganda que gerou incômodo no casal de jovens que me contou a historinha de hoje. Na verdade, o que os proprietários do motel queriam dizer era: “façam mais sexo nesse carnaval”. Se o ato sexual seria feito na presença, ou distanciado do Amor, era algo que, com toda certeza, não fazia parte das preocupações dos marqueteiros responsáveis pela redação do texto.

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Nessa banalização entre nós da palavra, poderemos encontrar por aí o seu uso cheio de ironia, sarcasmo e mesmo querendo significar exatamente o contrário do Amor. Quantos não dizem “meu amor” carregado de ironia, sarcasmo e ódio? É preciso nos esforçarmos para resgatar o verdadeiro valor do Amor, eis que como nos lembra São João na sua Primeira Carta, Ele é nada mais, nada menos do que o próprio Deus (1Jo 4,8).

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O Evangelho do próximo domingo terá esta mesma palavra, o Amor, como seu grande tema. Nele veremos Jesus de Nazaré respondendo a um questionamento dos escribas que lhe perguntavam qual era o maior dos mandamentos? Jesus responde usando a Torah (já citada também na primeira leitura tirada do Deuteronômio 6,2-6). Traz para aqueles sábios a oração chamada Escuta, Israel, contida no livro do Deuteronômio e que eles sabiam de cor, eis que a rezavam diariamente. Trata-se de uma das passagens mais conhecidas, lidas, repetidas e por que não dizer belas das Escrituras. Os dois maiores mandamentos se resumem em um só: Amar. Amor primeiramente a Deus e depois ao próximo. Mas aí com uma condição. Que seja como se ama a si mesmo.

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No olhar de Santo Inácio de Loyola, na sua famosa Contemplação Para Alcançar Amor, já na “rampa de aterrisagem dos Exercícios Espirituais, iremos observar que ele trata o Amor de uma maneira bem prática: Amar é dar e receber. Na visão inaciana “O amor se dá na comunicação das suas duas partes constituintes, o amado por um lado e o amante pelo outro. Deus é Amor e mergulhar nesse mistério de Deus irá ter o significado bem simples de viver no Amor, ir se metamorfoseando nele, transformar-se, enfim, um dia, no próprio Amor.

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A questão é que nos sabemos pecadores e, com a dura realidade do mal a nos rodear, constatamos diariamente o quanto isto é difícil. Trata-se de meta a ser perseguida sempre. Amar plenamente é se entregar integralmente ao amado e nós humanos, enquanto seguimos vivos, somos incapazes dessa entrega total e absoluta. A verdade é que, por mais livre, mais amoroso, que eu seja, haverá sempre em mim um “dobrar-se sobre mim mesmo”, ou dito de outra maneira, um “eu primeiro”. Só na vida divina, na qual entraremos depois de termos vivido a nossa páscoa, é que estaremos incondicionalmente livres e aí seremos todo Amor, eis que estaremos imersos na Trindade Santa de Amor.

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Há uns anos atrás não era nada raro encontrarmos crianças e adolescentes a curtirem em revistas, álbuns de figurinhas, cadernos, papeis de carta, mil objetos de coleção com frases a dizer o que seria o Amor. Em seguida a dois bonequinhos muito simpáticos vinha postada a frase: “Amar é...” e adiante alguma declaração cheia de “fofura” do que deveria ser uma constatação do Amor. Algumas expressões mesmo bem bonitas e convincentes. Outras nem tanto. Recordo-me de uma que era muito falada a nos dizer que “Amar é jamais ter que pedir perdão”. Claro que se trata aqui de uma expressão mais do que complicada, um dito falso, eis que viver verdadeiramente o Amor é estar sempre aberto para se pedir e acolher o perdão.

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Pistas para reflexão:

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- Complete a frase com a sua resposta, saída obviamente do mais profundo do seu coração:

“Amar é ...

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- O que podemos fazer para valorizar esta palavra tão banalizada?

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- Meu Amor a Deus se reflete no Amor aos irmãos? Ou essas são realidades distintas e estanques?

 

 

Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 26/10/2021


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